Wednesday, March 17, 2010

"Ilha do Medo": Uma das melhores estreias de 2010

O que filmes como "Gangues de Nova York" (2002), "O aviador" (2004) e "Os infiltrados" (2006) têm em comum? A parceria do diretor Martin Scorsese com o ator Leonardo DiCaprio. O primeiro é tido como um dos melhores diretores de Hollywood, ganhador de dezenas de prêmios, entre eles, o Oscar, em 2006, com "Os Infiltrados", filme que lhe rendeu quatro estatuetas. O segundo, por sua vez, foi apresentado ao mundo no arrasa-quarteirões "Titanic", lançado em 1997, por James Cameron e, de lá para cá, se consolida como um dos principais astros do cinema americano.

Essa parceria sempre rende bons frutos, mas talvez nem mesmo diretor e ator esperassem chegar ao ápice em "Ilha do Medo" (Shutter Island, no original), quarto trabalho da dupla, que estreou na semana passada nos cinemas brasileiros. O próprio DiCaprio, em dezenas de entrevistas pelo mundo afora, afirmou que "Ilha do Medo" é o melhor trabalho dele em conjunto com Scorsese. Opiniões artísticas à parte, o ator tem uma certa razão. O longa policial é, sem sombra de dúvidas, uma das melhores estreias de 2010.

Ambientado no ano de 1954, a trama gira em torno do policial Teddy Daniels (Leonardo DiCaprio) e de seu parceiro, Chuck Aule (Mark Ruffalo, de "Ensaio Sobre a Cegueira"), que chegam à ilha, que dá nome ao longa, para investigar o estranho desaparecimento de uma paciente de um hospital psiquiátrico para onde são enviados presos tidos como perigosos. Porém, o que Terry encontra na ilha vai muito mais além do que um caso de desaparecimento: quando dá por si, o policial se vê envolvido com o misterioso "paciente 67".

Logo nas cenas iniciais do filme, percebe-se que Scorsese trabalhou duro para deixar o clima de suspense e tensão em boa parte das cenas. Toda a sequência que mostra Terry e Chuck chegando à Shutter Island mostra bem esse desejo: é uma cena longa, em que a trilha sonora, numa ascendente, transporta o espectador para uma situação nervosa, exatamente a situação em que os personagens se encontram. E já que falamos da trilha sonora, esse é um ponto alto do filme, sempre gerando um clima de tensão e suspense no ar.

Mark Ruffalo e Leonardo DiCaprio capricham nas atuações em "Ilha do Medo"

E esse clima de suspense está presente em todo o filme. Embora seja um suspense policial, não há cenas que façam com que o espectador salte da cadeira ou xingue a mãe do diretor. Scorsese parece preferir por uma tensão mais "psicológica", até porque, a ação se passa num hospital psiquiátrico. As visões de Terry, que fazem com que o policial reviva momentos difíceis em meio à guerra, ou então suas investigações sobre o desaparecimento da paciente sempre dão aquela sensação de "agora vai acontecer alguma coisa". Às vezes não acontecem, mas, em outras, acontecem. Porém, os fãs desse estilo, ou aqueles mais atenciosos, vão matar a charada do filme assim que algumas informações forem surgindo. Mesmo assim, o final é surpreendente.

Leonardo DiCaprio está brilhante no papel de Terry Daniels. De longe, a melhor atuação do ator. É incrível como, quase em 100% das cenas do filme, ele está presente, e sempre segurando muito bem a barra. DiCaprio já mostrou, em vários longas, que não é só mais um rostinho bonito e que tem talento (na maioria das vezes, nas mãos de Scorsese). Mas em "Ilha do Medo" o ator supera qualquer um de seus trabalhos anteriores e mostra um grande amadurecimento na carreira. Por isso, não se espante caso, no próximo ano, o ator receba indicações para o Oscar de Melhor Ator. Seria merecido.

Baseado no livro "Paciente 67", de Dennis Lehane, "Ilha do Medo" é uma das melhores opções de filmes em cartaz nos cinemas para se assistir. Mais um fruto de qualidade da parceria de Scorsese e DiCaprio, o longa é, fácil, uma das melhores estreias de 2010. A junção do ótimo roteiro, com uma trilha sonora poderosa e atuações dignas de premiações, faz do filme um dos melhores do diretor - e do ator também.

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