Tuesday, March 23, 2010

"O Iluminado": livro e filme perturbadores

Danny Torrance não é um garoto normal. Longe disso. Ele pode ouvir pensamentos de qualquer pessoa e tem uma percepção extra-sensorial de tudo o que está à sua volta. Ele é um "iluminado". Pode ter longas conversas com outras pessoas como ele sem nem mesmo abrir a boca. E agora, ele está de mudança para o imponente Hotel Overlook, onde vai passar todo o inverno. Mas não pense que esse é algum tipo de viagem de férias. Seu pai, Jack Torrance, foi contratado para ser o zelador do local que, durante esses meses, fica fechado ao público e totalmente inacessível, devido às tempestades de neve. Apenas Danny, Jack e sua mãe, Wendy, serão os hospedes desse hotel que já foi palco de escândalos e assassinatos.
É com essa premissa que o pai do horror moderno, Stephen King, dá início à sua terceira obra literária, lançada em 1977. Quando King lançou "O Iluminado", já era um escritor reconhecido. Suas duas obras anteriores, "Carrie - A Estranha" (1974) e "A Hora do Vampiro" (1975), haviam conquistado crítica e público, fazendo com que King começasse a trilhar o caminho dos grandes autores. Também, pudera: King sempre segue uma linha narrativa perturbadora, que faz com que o leitor não queira largar o livro até chegar ao seu desfecho.

Capa do livro, lançado no Brasil pela Editora Objetiva

Outra característica dos livros de King é a profundidade de seus personagens. Com as descrições que o autor faz, é quase possível sentir, em nós mesmos, as angústias, as alegrias e os tormentos vividos por eles em suas histórias. É assim com Jack, ex-alcoólatra que precisa provar para a família que a bebida já não lhe é mais necessária, com Danny e sua paixão fora do comum pelo pai e com Wendy, que, no fundo, morre de ciúmes da relação tão próxima entre Jack e Danny. Isso só para citar os três personagens principais. Ao descobrir cada personagem, o leitor se irrita com o Sr. Ullman, gerente do Overlook e se diverte com Dick Hallorran, cozinheiro do hotel.

E todo esse universo macabro existente nos corredores no Overlook foi levado aos cinemas três anos após o lançamento do livro, em 1980, pelas mãos do experiente e elogiado Stanley Kubrick (de "Laranja Mecânica"). Kubrick incorporou o estilo King de ser, e levou para as telas um hotel tal qual o autor descreve em sua obra. Os personagens, por sua vez, não poderiam estar melhores. O fenomenal Jack Nicholson vive Jack Torrance, numa interpretação que, talvez, nem mesmo o próprio King esperasse para seu personagem. Danny Lloyd, que interpreta Danny Torrance, segue o mesmo caminho.

O clima tenso do livro é elevado à décima potência no filme. Logo na primeira cena, enquanto o Fusca da família Torrance sobe a montanha em direção ao impiedoso Overlook, uma trilha sonora dramática envolve o espectador, e já o prepara para o que vem em seguida, no decorrer do longa. Ou então, na clássica cena de Danny com seu triciclo percorrendo os corredores medonhos do local, mostra toda a névoa de solidão na qual os personagens estão inseridos.

Jack Nicholson está impecável no papel de Jack Torrance

Tanto no papel, quanto na tela da tv, "O Iluminado" é uma obra de horror das mais clássicas e perturbadoras já vistas. A riqueza de detalhes do livro de Stephen King e o tom macabro no qual todo o filme foi rodado por Stanley Kubrick garantem aos fãs do gênero muitos sustos e, quem sabe, alguns pesadelos durante noites mal dormidas.

A vida lida na palma da mão

O garoto estendeu a mão direita, com um certo receio e uma expressão de desconfiança no olhar. Já tinha conversado com alguns amigos à respeito, e eles, por sua vez, comentaram que dava certo e que tudo o que eles haviam ouvido da mulher fazia todo o sentido. Então, ele achou melhor arriscar, afinal, não tinha nada a perder. A mulher segurou, com força, a mão do rapaz. Virou-a com a palma para cima, na direção na luz, e aproximou o olhar. Aproximou também o seu dedo indicador, que percorreu suavemente as linhas, pouco marcadas, na palma da mão do rapaz.

Ficou alguns segundos em silêncio. Tudo no mais absoluto silêncio. Um sentimento de arrependimento foi surgindo no garoto. E se ela lê-se, ali, alguma coisa ruim? E se ela descobrisse que ele estava à beira da morte? E se ele fosse perder o emprego? E se? E se? Uma tempestade de pensamentos negativos tomou conta do rapaz, que teve vontade de puxar sua mão de volta para si, rápido e forte. Mas não fez isso. A mulher continuou olhando fixamente para a palma da mão clara e jovem dele, até que as palavras foram espirrando de sua boca, como água da torneira.

"Você se deixa levar muito pela emoção", analisou a mulher, que continuou. "Sempre toma qualquer atitude levando em consideração o que o seu coração diz... Mesmo assim, o seu ponto positivo é a razão... Um garoto muito racional e inteligente". Cada palavra dita pela mulher fazia com que o jovem ficasse ainda mais desconfiado. Poderia confiar nessas coisas? Nunca foi de acreditar nesse tipo de "previsão", seja ela feita nas mãos, nas cartas ou até mesmo nas mensagens do zodíaco que lia no jornal. Na verdade, só as lia por diversão. Algumas vezes as mensagens batiam, outras não. Coincidência. Simples assim.

Mas, agora, podia ele confiar no que aquela mulher lhe dizia? Não sabia. "Uma mulher vai lhe marcar para o resto da vida", prosseguiu ela, ainda com os olhos fixos na palma da mão do rapaz. "E você terá um filho", finalizou. Ergueu os olhos e encarou o garoto, esperando alguma pergunta. Nenhuma surgiu. Na verdade, apenas brotou-lhe da boca um agradecimento, e saiu da sala onde estava com a mulher. Como ela havia "visto" essas coisas, perguntava-se, olhando ele próprio para sua mão.

Resolveu não pensar mais no que havia ouvido. Caminhando, decidiu que iria esperar. Esperar e ver, por si próprio, se ela havia visto a coisa certa, afinal, qual é a graça de se viver já sabendo o que vai acontecer em seguida?

Monday, March 22, 2010

Vida à reboque!

Toda vez que o telefone toca, o sr. Nivaldo sabe que é hora do seu caminhão reboque entrar em ação. Não importa local, horário ou classe social. O veículo, sempre valente, está pronto para o chamado. Ele funciona como uma espécie super-heroi anônimo, sem capa ou máscara, mas que sempre acaba salvando o dia de quem está metido em apuros. "Lá, do outro lado da cidade, tem um carro com o motor pifado", avisa a atendente ao telefone. E assim parte o motorista e seu fiel escudeiro, cochilando ao seu lado, com seu reboque, pronto para ser o super-heroi de mais um alguém no meio na noite. Tem sido assim nos últimos cinco anos. Carros novos e carros velhos, importados ou nacionais, de gente rica ou de gente pobre. "Não importa", ri, enrugando-lhe ainda mais o rosto já enrugado. "Já reboquei carro de tudo quanto é jeito". Chega, para, prende e parte. Em cinco minutos, já dispara pela rodovia. O motorista salvo, assim como um cidadão após uma aparição do Super-Homem, agradece ao homem, já cansado da noite de trabalho. E o reboque corta a noite, enquanto o fiel escudeiro do rebocador ainda dorme, desconfortável, encostado no banco do valente veículo. Os minutos passam, assim como os veículos na rodovia, e o reboque faz sua entrega. O motorista agradece pela última vez e desce, despedindo-se do homem que lhe ajudara. O reboque, então, parte de volta ao seu ponto de origem, iluminando a noite com seus farois. Quem sabe, no meio do caminho, um outro pedido de socorro, faça com que o valente reboque e seu confiante motorista, junto ao fiel e sonolento escudeiro, tenham mais um momento de heroísmo.

Wednesday, March 17, 2010

"Ilha do Medo": Uma das melhores estreias de 2010

O que filmes como "Gangues de Nova York" (2002), "O aviador" (2004) e "Os infiltrados" (2006) têm em comum? A parceria do diretor Martin Scorsese com o ator Leonardo DiCaprio. O primeiro é tido como um dos melhores diretores de Hollywood, ganhador de dezenas de prêmios, entre eles, o Oscar, em 2006, com "Os Infiltrados", filme que lhe rendeu quatro estatuetas. O segundo, por sua vez, foi apresentado ao mundo no arrasa-quarteirões "Titanic", lançado em 1997, por James Cameron e, de lá para cá, se consolida como um dos principais astros do cinema americano.

Essa parceria sempre rende bons frutos, mas talvez nem mesmo diretor e ator esperassem chegar ao ápice em "Ilha do Medo" (Shutter Island, no original), quarto trabalho da dupla, que estreou na semana passada nos cinemas brasileiros. O próprio DiCaprio, em dezenas de entrevistas pelo mundo afora, afirmou que "Ilha do Medo" é o melhor trabalho dele em conjunto com Scorsese. Opiniões artísticas à parte, o ator tem uma certa razão. O longa policial é, sem sombra de dúvidas, uma das melhores estreias de 2010.

Ambientado no ano de 1954, a trama gira em torno do policial Teddy Daniels (Leonardo DiCaprio) e de seu parceiro, Chuck Aule (Mark Ruffalo, de "Ensaio Sobre a Cegueira"), que chegam à ilha, que dá nome ao longa, para investigar o estranho desaparecimento de uma paciente de um hospital psiquiátrico para onde são enviados presos tidos como perigosos. Porém, o que Terry encontra na ilha vai muito mais além do que um caso de desaparecimento: quando dá por si, o policial se vê envolvido com o misterioso "paciente 67".

Logo nas cenas iniciais do filme, percebe-se que Scorsese trabalhou duro para deixar o clima de suspense e tensão em boa parte das cenas. Toda a sequência que mostra Terry e Chuck chegando à Shutter Island mostra bem esse desejo: é uma cena longa, em que a trilha sonora, numa ascendente, transporta o espectador para uma situação nervosa, exatamente a situação em que os personagens se encontram. E já que falamos da trilha sonora, esse é um ponto alto do filme, sempre gerando um clima de tensão e suspense no ar.

Mark Ruffalo e Leonardo DiCaprio capricham nas atuações em "Ilha do Medo"

E esse clima de suspense está presente em todo o filme. Embora seja um suspense policial, não há cenas que façam com que o espectador salte da cadeira ou xingue a mãe do diretor. Scorsese parece preferir por uma tensão mais "psicológica", até porque, a ação se passa num hospital psiquiátrico. As visões de Terry, que fazem com que o policial reviva momentos difíceis em meio à guerra, ou então suas investigações sobre o desaparecimento da paciente sempre dão aquela sensação de "agora vai acontecer alguma coisa". Às vezes não acontecem, mas, em outras, acontecem. Porém, os fãs desse estilo, ou aqueles mais atenciosos, vão matar a charada do filme assim que algumas informações forem surgindo. Mesmo assim, o final é surpreendente.

Leonardo DiCaprio está brilhante no papel de Terry Daniels. De longe, a melhor atuação do ator. É incrível como, quase em 100% das cenas do filme, ele está presente, e sempre segurando muito bem a barra. DiCaprio já mostrou, em vários longas, que não é só mais um rostinho bonito e que tem talento (na maioria das vezes, nas mãos de Scorsese). Mas em "Ilha do Medo" o ator supera qualquer um de seus trabalhos anteriores e mostra um grande amadurecimento na carreira. Por isso, não se espante caso, no próximo ano, o ator receba indicações para o Oscar de Melhor Ator. Seria merecido.

Baseado no livro "Paciente 67", de Dennis Lehane, "Ilha do Medo" é uma das melhores opções de filmes em cartaz nos cinemas para se assistir. Mais um fruto de qualidade da parceria de Scorsese e DiCaprio, o longa é, fácil, uma das melhores estreias de 2010. A junção do ótimo roteiro, com uma trilha sonora poderosa e atuações dignas de premiações, faz do filme um dos melhores do diretor - e do ator também.

Monday, March 15, 2010

"Guerra ao Terror": premiações no Oscar exageradas

O sol já havia se posto quando eu entrei pela porta de vidro, naquele início de noite do dia 06 de março, um sábado. "Moça, oi, licença. Queria saber se você tem ai o 'Guerra ao Terror'?", perguntei, na esperança de o filme ainda estivesse na locadora. Não haviam muitas pessoas no local. Um casal escolhia uma comédia romântica qualquer, enquanto um grupo de jovens pagava o aluguel de um filme de terror. Uma família chegou e foi direto ao setor de desenhos animados. "Não, desculpe", respondeu a balconista. "Ele foi locado não tem meia hora". Fiquei desanimado. As minhas chances de assistir a um dos principais concorrentes do Oscar 2010 tinham acabado de escapar por entre os dedos. "Tudo bem", respondi, sem jeito. Aluguei outro filme.

Um dia depois, mais ou menos às 23h, eu liguei o computador. A cerimônia do Oscar já havia começado. Christoph Waltz já havia ganho o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante pelo Coronel Landa, personagem que interpretou em "Bastardos Inglórios". Prêmio merecido. Eu queria, queria mesmo, assistir a cerimônia de premiação da academia, mas nenhum canto da grande rede estava transmitindo-a, ao vivo. Contentei-me com "flashes" no Twitter e na UOL e no Terra. A Globo, por sua vez, só transmitiria a festa depois do rentável Big Brother Brasil, em noite de paredão.

Enfim, por volta das 23:30h, eu estava posicionado confortavelmente no sofá da minha sala, assistindo a emissora do plim-plim - e sendo obrigado à ouvir as asneiras do José Wilker. Prêmio vai, prêmio vem, vi "UP - Altas Aventuras" ganhar dois Oscars; vi também "Avatar" abocanhar outros três; "Preciosa", assim como a animação da Pixar, também levou dois... E, claro, vi "Guerra ao Terror" (the Hurt Locker), vencer em seis das nove categorias aos quais concorria. Incluindo Melhor Roteiro, Melhor Filme e Melhor Diretor.

Se minha vontade de ver o filme já era grande antes do longa de Kathryn Bigelow agarrar seis estatuetas, depois disso ela aumentou ainda mais. Fez-me lembrar, momentaneamente, de "Quem Quer Ser Um Milionário", vencedor de oito Oscar's em 2008 e um filme que eu me recusava a assistir, e ao qual eu dei o meu braço a torcer - é fantástico. Esse tal "Guerra ao Terror" deve ser muito bom também, pensei comigo. Afinal, ganhou seis Oscars.

O dia estava muito quente neste sábado, dia 13. "Alô, oi, boa tarde. Queria saber se o 'Guerra ao Terror' já foi locado", disse, ao telefone, com a balconista da mesma locadora de uma semana antes. "Não, não. Ele está aqui", respondeu ela, parecendo animada. "Legal. Pode reservá-lo para mim, já estou indo buscá-lo". E sai. Peguei as chaves do carro e sai. Cheguei à locadora, nem olhei as prateleiras, fui direto ao balcão. "Oi, vim pegar o 'Guerra ao Terror'...". 15 minutos depois, ei já estava em casa, ligando e convidando o pessoal à ver o filme. Algumas horas depois, todos estavam sentados em frente à TV, enquanto o DVD rodava e as imagens surgiam na tela...

E ai as coisas começaram a desandar de vez. Durante duas horas e dez minutos eu assisti à um dos filmes mais chatos e monótonos de toda a minha vida. Não se equipara ao inigualavelmente péssimo "Speed Racer", dos Irmãos Wachomsky - sim, os mesmos da Trilogia Matrix, mas é um filme daqueles que você se pergunta: como ganhou tantos prêmios? Sim, porque as únicas coisas que realmente valem a pena são as atuações - nenhuma, entretanto, merecia ser indicada ao Oscar, como aconteceu com Jeremy Renner.

Durante os 130 (longos) minutos do filme, o que se vê é uma série de eventos que se repetem. O soldado desarma uma bomba, depois outra, depois outra. Volta pro quatel general. Faz amizade com uma criança iraquiana. No dia seguinte, enfrenta alguns terroristas. Depois, vai desarmar outra bomba. Uma delas ele não consegue. Evitei alguns spoilers aqui, mas pronto, você não precisa mais assistir ao filme. Essa é toda a história, é todo o roteiro. Opa, roteiro? Que roteiro? Como a academia dá à um filme totalmente sem roteiro, o Oscar de Melhor Roteiro? O longa de Bigelow cansa, não tem ritmo nenhum e é monótono. Algumas tomadas são tão longas e sem atrativos que você simplesmente não precisa prestar atenção no que os atores estão dizendo para entender a situação, de tão vazia que ela é.

Isso faz com que qualquer fã de cinema, entenda ele do assunto ou não, pare para pensar no porquê de "Guerra ao Terror" ter levado os mais importantes prêmios do cinema em 2010. E a resposta é simples, e eu, de alguma maneira, já sabia dela antes mesmo de assistir ao filme: o egocentrismo americano. "Guerra ao Terror" mostra exatamente aquilo que os americanos querem ver da guerra do Iraque, ou seja, seus soldados como vítimas de tudo e toda a violência que acontece por lá. Eles estão lá para ajudar, mas não, os iraquianos são maus, por isso, devem ser detidos. Os americanos, por sua vez, são os herois. E é isso que você vai ver no longa.

Soldados americanos como os coitadinhos da situação. "Guerra ao Terror" foi uma grande decepção. Tantos outros filmes mereciam ganhar os prêmios que ele ganhou mais do que ele próprio. Qualquer um dos dez filmes que concorriam à Melhor Filme mereciam esse título, menos "Guerra ao Terror". A academia já não é mais digna de respeito.




O bem mais precioso

O ônibus parou na esquina, perto de um terreno baldio. Sonolento, despedi-me do motorista e desci. Caminhava em direção à minha casa quando ele partiu com o ônibus. Iria deixar mais estudantes em suas casas. Era noite de sexta-feira, e enquanto muita gente estava na "badalação" do início do final de semana, a coisa que eu mais queria era tomar um banho e dormir, depois de um dia cansativo (e quente) de trabalho e estudo. Não que eu não goste de uma bagunça, muito pelo contrário: apenas prefiro deixá-la para os sábado ou domingos.

Caminhei apressado, ao som dos latidos dos cães dos vizinhos e debaixo da luz da lua. Tirei a chave do bolso da calça, destranquei o portão e entrei. As luzes da sala e da cozinha estavam acesas. Abri a porta da sala e entrei. Segui pelo corredor, entrei no meu quarto e joguei a mochila sobre a cama. Pendurado, atrás da porta, estava meu pijama. Certo, não é bem um pijama, desses caros. Não. Na verdade, não tem nada de caro. Sabe essas camisetas de políticos, que a gente ganha aos montes durante as campanhas eleitorais? Pois é, era uma dessas. O que me faz lembrar que esse ano vou ganhar muitos "pijamas" novos...

Peguei a minha roupa de dormir e segui, animado, em direção ao banheiro. Depois de um dia de verão, nada melhor do que um banho gelado para aliviar o cansaço e dormir feito um anjinho. Mas fui interrompido, no meio do caminho, pela minha mãe. "Vê se toma um banho rápido", disse ela, taxativa. Ergui uma sobrancelha. "Por quê?", perguntei. Ok, mereço ir para o inferno, se ele realmente existir: não tomo banhos rápidos. Demoro. E lá vai a água pelo ralo. "Porque...", respondeu ela, "Por que estamos sem água desde ontem de manhã".

Assim começou meu querido final de semana. Com um banho daqueles que mal se molha o couro cabeludo. Não que não tivéssemos água em casa, nós tínhamos. Mas era a água do reservatório, e era necessário economizá-la, afinal, não sabíamos quanto tempo demoraria para que o abastecimento voltasse. "Ei, moça, estamos sem água, quando é que ela vai ser reestabelecida?", perguntou minha mãe à atendente do serviço de abastecimento da minha cidade. "Não temos previsão, senhora. É uma manutenção".

Demorou exatos quatro dias. Quinta, sexta, sábado e domingo. Quatro dias sem água, tendo que tomar banhos rápidos, economizando também na hora de cozinhar e gerando caridosas ofertas de chuveiros amigos para poder lavar tudo decentemente. "Não, não precisa", respondia. Foi desse modo, nada agradável, diga-se de passagem, que descobri uma coisa que há muito já ouço por ai. Não existe bem mais precioso do que a água. Petróleo, dinheiro, energia elétrica... Isso tudo é "dispensável", afinal, o ser humano já viveu sem esses, hoje, indispensáveis confortos modernos. Mas sem a água, não dá. Hã-hãm. Necatipiriba. Só quando sentimos na pele a falta dela, é que damos a sua devida importância.

Me peguei pensando, durante todo o final de semana, o quão difícil deve ser a vida de quem, realmente, não tem água, como a população de alguns países africanos, por exemplo. Afinal, eu passei apenas alguns dias sem ela. Hoje pela manhã, minha mãe já lavava toda a roupa, que havia se acumulado durante esses quatro dias, enquanto eu dormia. Mas, muitos milhões de pessoas não podem contar com esse benefício obrigatório, durante boa parte de suas vidas. E não é necessário sair do Brasil para verificarmos isso (alguém ai falou Nordeste?).

Não quero entrar, aqui, na discussão de que se vai ou não faltar água no planeta no futuro, e nem quero deixar aquelas lições de moral esdrúxulas que Hollywood teima em querer enfiar em nossas cabeças naqueles filmes "B". Não, nada disso. Apenas quero mostrar o quão complicado pode ser a vida sem uma coisa tão simples quanto a H²0. Foi uma experiência única, que não faço a menor questão de vivenciar novamente.

Friday, March 12, 2010

Estreias do Cinema desta sexta-feira

Ilha do Medo (Shutter Island)

Em 1954, no auge da Guerra Fria, o detetive americano Teddy Daniels e seu parceiro Chuck Aule são levados para Shutter Island, local que abriga o impenetrável Hospital Psiquiátrico Ashecliffe, a fim de investigar o misterioso desaparecimento de uma assassina. Enquanto uma tempestade se aproxima, as suspeitas ficam cada vez mais assustadoras. Dentro de um hospital assombrado pelas terríveis atitudes passadas de seus pacientes e pelos planos desconhecidos de seus médicos, Teddy começa a perceber que, quanto mais se aprofunda na investigação, mais é forçado a encarar alguns de seus piores temores. E entende que pode nunca sair vivo da ilha.

Diretor: Martin Scorsese
Elenco: Leonardo DiCaprio, Mark Ruffalo, Michelle Williams, Ben Kingsley
Gênero: Policial, Ação
Duração: 138

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Lembranças (Remember Me)
Robert Pattinson ("Crepúsculo") interpreta Tyler Roth, um jovem rebelde de Nova York, que tem uma relação tensa com seu pai, interpretado por Pierce Brosnan ("Mamma Mia!"), desde que uma terrível tragédia separou sua família. Tyler não acredita que alguém no mundo poderia entender o que ele sente até o dia em que conhece Ally, interpretada por Emilie de Ravin ("Inimigos Públicos") através de uma reviravolta incomum do destino. O amor era a última coisa em sua mente, mas como o seu espírito de forma inesperada é curado, ele começa a se apaixonar por ela. Através do seu amor, ele passa a encontrar a felicidade e o sentido de sua vida. Mas logo, segredos são revelados, e as circunstâncias que os reuniu lentamente ameaçam separá-los. Lembranças é uma inesquecível história sobre o poder do amor, a força da família e a importância de viver apaixonadamente, valorizando cada dia de nossa vida.

Diretor: Allen Coulter
Elenco: Robert Pattinson, Chris Cooper, Pierce Brosnan, Emilie De Ravin
Gênero: Drama
Duração: 118

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Histórias de amor duram apenas 90 minutos

Jovem escritor, às voltas com romance que não consegue escrever, vive no mais profundo ócio. Tem 30 anos, mas age como se fosse um adolescente. É talentoso, mas dispersivo: escreve duas frases e logo desiste. Casado com Julia, professora de Belas Artes, mulher linda e resolvida, vive crise de relacionamento, provocada pela forma antagônica com que vêem a vida: Zeca não quer nada, Julia sabe o que quer. Enquanto a professora dedica-se ao mestrado - ela quer estudar em Paris -, Zeca passa seu tempo perambulando pelas ruas, ruminando reflexões sobre o mundo e sua vida sem objetivos, observando as pessoas, pensando nas histórias que nunca irá escrever, filosofando inutilidades. Zeca é infeliz, porém conformado. Até o dia em que começa a acreditar que Julia o está traindo. E para sua surpresa, com outra mulher.

Diretor: Paulo Halm
Elenco: Caio Blat, Maria Ribeiro, Luz Cipriota, Daniel Dantas
Gênero: Comédia
Duração: 93

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Aproximação (Disengagement)

Um jovem israelense viaja à França para acompanhar o funeral do pai e lá encontra Ana, sua meia-irmã. A aproximação dos dois acontece de maneira serena e amistosa, porém, durante a leitura do testamento, Ana ficará chocada com o seu conteúdo revelador, capaz de trazer a tona verdades e segredos que acreditava pertencerem somente a ela. Atendendo a uma das vontades do falecido pai, Ana vai a Israel acertar contas com um passado que ela escondia, no mesmo momento em que acontece a retirada das forças armadas da faixa de Gaza.

Diretor: Amos Gitai
Elenco: Juliette Binoche, Jeanne Moreau, Dana Ivgy, Liron Levo
Gênero: Drama
Duração: 115

Uma nau de sentimentos...

Amor. Raiva. Paixão. Piedade. Ódio. Tristeza. Incrível como o ser humano pode ter tantas sensações ao mesmo tempo. Irritação com o computador travado; alegria ao receber um e-mail daquela pessoa especial; impaciência com a moça do call center ao telefone; revolta ao ler sobre a morte de uma pessoa boa demais para ter partido. Tudo isso, no mesmo dia, na mesma hora, no mesmo minuto...

Cães estão sempre felizes, principalmente quando, depois de um dia sem ninguém para brincar, ouvem o barulho do portão se abrindo e o som dos passos do seu dono que se aproxima. Quando isso não acontece, pronto, você sabe que seu animal não está bem. Os seres humanos não são assim. É como se precisássemos andar por ai com uma bola de cristal, igual à da Mãe Dinah, para adivinhar como aquela pessoa está naquele momento. Brigou com alguém? Prendeu o dedo na porta? Tropeçou na beirada da cama? Ouviu um "Eu te amo" do amor de sua vida? Ouviu um "não" do amor de sua vida?

Impossível a gente saber disso de imediato... Sabe como a pessoa está se sentindo assim, de imediato... Mas a gente sabe quando o cachorro está feliz.

Wednesday, March 10, 2010

Lema


Na noite de horror
na noite homicida

com o coração aquecido
minh' alma ilumina

quando a guerra da luz parecer perdida
a esperança brilha nas estrelas acima

(Lema dos Lanternas Azuis)

Monday, March 8, 2010

Um heroi feito de saco de estofa


Um mundo pós-apocalíptico, totalmente destruído pela ganância humana e pela ira das máquinas. É nesse cenário que a animação "9 - A Salvação", do diretor Shane Acker, tem início. 9, o personagem que dá título ao longa, nada mais é do que um simples boneco de tecido, com partes robóticas, que, ao ganhar vida, pensa estar sozinho naquele mundo destruído. Mas não está. Logo, ele descobre que existem outros como ele, e que a situação do mundo não é nada boa.

9 descobre que uma guerra entre humanos e máquinas - criadas por nós mesmos -, resultou na extinção total da raça humana e que eles, bonequinhos de estofa, são os únicos "seres vivos" presentes na Terra. A coisa piora ainda mais quando 9 desperta a "máquina-mãe", que estava adormecida desde o fim da guerra. A máquina tem, agora, um objetivo macabro: possuir as almas presentes dentro de cada um dos bonecos, que fazem com que eles possam viver. A partir daí, o longa mostra as aventuras do grupo para sobreviver à um ataque de máquinas enfurecidas - no melhor estilo "O Exterminador do Futuro" e a SkyNet.

Apadrinhado pelo diretor e queridinho do público Tim Burton, o longa derivou de um curta metragem, de mesmo nome, criado em 2005, e que rendeu à Acker uma indicação em Melhor Curta-Metragem no Oscar de 2006. Mas, mesmo com o tom sombrio característico de Burton, a animação não empolga muito. Tentando seguir a linha Wall-E de ser, 9 trás, logo nos primeiros minutos de filme, vários minutos do mais puro cinema mudo. Mas se no filme da Pixar isso foi usado com maestria, em 9 o recurso gera apenas um desconforto no espectador. São cenas cansativas, que tentam mostrar o quão solitário aquele lugar é... Mas não consegue.

Visualmente falando, o filme é bastante belo. A equipe se esforçou em fazer uma bela direção de arte. Os bonequinhos até são carismáticos, e alguns deles bem convincentes, como o medroso 5 ou os gêmeos-mudos-nerds 3 e 4. Claro que 9, como o título sugere, é o principal na história e, ao mesmo, o causador e a solução de todos os problemas, mas, como personagem, ele é superficial demais.

Se contarmos quantas vezes a Terra já foi destruída, esse número não caberia nos dedos das mãos. Afunilando um pouco mais, se contarmos quantas vezes o planeta já foi destruído por máquinas, ai sim a conta gera um número mais restrito. Mesmo assim, nada que você verá em "9 - A Salvação", é inédito. Ele bebe diretamente da fonte do já citado "Exterminador do Futuro" e até mesmo de "Matrix".

O fato a se levar em consideração, talvez, seja o fato do salvador ser, agora, um bonequinho de estofa. O que não é suficiente para fazer do filme uma obra de arte. Na verdade, o ritmo lento e fraco do filme mostra que, talvez, a equipe precise aprender um pouquinho mais com a Pixar em como fazer um bom filme de animação.

Depois do Oscar...

Hoje pela manhã, recebi um e-mail de um amigo revoltado com o resultado da premiação do Oscar 2010. Ele, torcendo por "Avatar", do já oscarizado James Cameron, reclamou da vitória de "Guerra ao Terror", de Kathryn Bigelow. Ainda não tive a oportunidade de assistir o filme que fala sobre a guerra do Iraque, mas estou entusiasmado para ver (e não só porque ele ganhou o Oscar), mas que "Avatar" era também meu favorito, isso era.


Como respondi para esse meu amigo, eu aprendi a respeitar a Academia depois que assisti "Quem Quer Ser um Milionário?", que levou oito - sim, oito - Oscar's, inclusive o de melhor filme em 2008 - para quem não se lembra, esse filme era tipo como o azarão da competição. Mas, quem assistiu a cerimônia até o final (como eu também assisti), percebeu claramente que "Avatar" não ia levar os prêmios principais. Ele levou tudo o que podia pela parte técnica, feito mais do que merecido, mas "Guerra ao Terror", talvez por tocar na maior ferida americana atual, venceu o longa de Cameron em todas as categorias que concorreram juntos.

Claro, até o último minuto torci por "Avatar", mas quando Kathryn Bigelow venceu por Melhor Diretor, estava óbvio que o prêmio de Melhor Filme também seria para ela. O que eu achei, um pouco, injustiça. Avatar se propôs a mudar o cinema, mudar nossa maneira de ver um filme. Inovou na maneira de contar uma história e foi recorde de bilheteria. A Acadêmia tinha que reconhecer esses feitos. Não o fez... Para ela, um filme levar tanta gente ao cinema é normal, comum.

Talvez, quem venceu esse Oscar não tenha sido Kathryn Bigelow ou "Guerra ao Terror", mas sim, o egocentrismo e a prepotência americana.

Saturday, March 6, 2010

Cultura para todos (?)

Mãe e filha observavam as revistas expostas em uma banca de jornal, até que a garotinha, de seus sete, oito anos de idade, se depara com uma revista com uma personagem azul, de olhos profundos e orelhas pontudas estampando a capa. "Avatar!", grita a criança, toda empolgada. A mãe, por sua vez, olha para a menina, depois para a publicação e diz "Que legal né. Amanhã a gente vê se o filme ganha o Oscar".


Foi uma cena rápida. Não durou nem 10 segundos, mas foi o sufciente para fazer emergir em mim um pensamento: o Brasil está ficando mais desenvolvido culturalmente ou isso ainda é uma utopia? Parado, ali, na banca de jornais, com meus quadrinhos nas mãos, pensei rapidamente na resposta. Depois, enquanto dirigia de volta para casa, raciocinei um pouco mais... e mesmo agora, enquanto escrevo esse texto, fico me questionando sobre isso.

Ainda não cheguei à uma resposta, mas alguns fatos podem ajudar em sua busca. Por exemplo, o fato do brasileiro, a cada dia, parecer se interessar (e consumir) mais cinema. A garotinha que se empolgou com Neytiri é um exemplo. Ela havia visto o longa (mesmo não pertencendo à sua faixa etária) e com certeza havia gostado. Ela me fez lembrar de mim mesmo quando assisti a trilogia clássica, da década de 1970, de Star Wars. Aquela ficção me marcou muito, e talvez, seja a propulsora da paixão que tenho, hoje em dia, pelo cinema.

Talvez Avatar tenha causado na pequenina o mesmo que Star Wars causou em mim. Quem sabe, no futuro, ela seja uma grande consumidora de cinema como um todo? Quem sabe, do cinema, ela salte para a literatura, para a música e, quando perceber, tenha uma personalidade toda voltada para a cultura? Os filmes podem fazer isso... Mas, se esse fato se consumar, a pequena garotinha vai ter um sério problema. Ainda é muito caro consumir produtos culturais no Brasil. Vivemos, muito bem, obrigado, com altíssimos preços nos cinemas, em peças teatrais, nos livros e em qualquer outra atividade cultural. E, a bem da verdade, numa sociedade onde muitos ainda passam fome, consumir esse tipo de "mercadoria" parece, para muitos, jogar dinheiro no lixo.

Pesquisas já mostraram que uma sociedade mais desenvolvida culturalmente gera uma população mais culta, inteligente e capaz de transformar ela mesma num lugar melhor de se viver. Mas como fazer isso no Brasil, se uma simples entrada de cinema custa cerca de R$ 18,00? Onde, para assistir uma peça de teatro, seja necessário desembolsar mais de R$ 40,00 ou R$ 50,00? Onde um livro custa mais de R$ 30,00? Nesse sentido, o Brasil ainda precisa evoluir muito. Quem sabe, num futuro próximo, nós poderemos fazer parte de uma sociedade, ainda mais, consumidora de cultura, pagando um preço mais justo para isso.

Monday, March 1, 2010

A eterna busca pela beleza

Estava eu, confortavelmente instalado no sofá da minha casa, neste domingo à noite, zappeando pelos canais de televisão. É claro que não havia nada de interessante para ver. Programas genéricos com quadros genéricos, filmes de baixa produção, padres cantores soltando a voz e levando os fiéis ao delírio e, óbvio, reality shows ainda mais genéricos do que aqueles programas das emissoras concorrentes... Mas eis que um programa em si me chamou a atenção, e antes fosse pela sua qualidade - não era. Me chamou a atenção pela curiosidade.

Era um desses enlatados americanos de dublagem duvidosa que mostravam a vida e o trabalho de cirurgiões plásticos e suas/seus respectivos pacientes. Foi a escalada do programa que me fez parar de zappear e assistir, um pouco horrorizado, pelo o que ainda viria pelos próximos minutos. As chamadas mostravam mulheres que fariam vários tipos de cirurgias. Ok... Primeiro, foi a vez de uma bela loira gordinha. Ela disse que faria lipoaspiração e aumentaria e levantaria as mamas. Aproveitou a oportunidade de ter uma câmera em sua frente e contou uma história triste. Disse que já fora magra e tinha várias amigas, mas quando engordou, todas desapareceram. Os rapazes também sumiram.

Hum... Se ela se sentir melhor com isso, que faça, pensei eu. Mas um dos motivos que me fez ficar horrorizado veio em seguida. A irmã da gordinha, uma tal de Mary, iria aproveitar a deixa da irmã e também ia fazer uma cirurgia: iria aumentar os seios. Tudo bem se não fosse dois detalhes: 1) ela tinha acabado de fazer uma cirurgia diminuindo o nariz, há pouco mais de três meses e 2) ela tinha 17 anos! Fiquei abismado, mas fiquei ainda mais com o que veio em seguida.

Uma tal de Tabatha, de 36 anos, iria, de novo, "entrar na faca". Não me recordo qual operação ela estava querendo fazer dessa vez - sim, dessa vez -, até porque a chamada não disse. E isso não era o importante. O importante é que ela maluca - maníaca mesmo - por plásticas. Já tinha feito uma lipoaspiração, aumentado os peitos, arrumado o nariz, operado o queixo duas vezes e também as bochechas! Fiquei me perguntando se alguma coisa nela era natural...
Esses dois casos me fizeram pensar. Pensar nas loucuras que o ser humano faz para ficar belo - ou o que ele pensa ser belo. Sim, porque no caso dessa Tabatha que falei acima, ela já estava quase parecendo uma boneca - e não encare isso como um elogio. Ela não tinha expressão alguma, e ainda cogitava outras plásticas, para ficar mais bonita. Não sou contra as cirurgias plásticas, muito pelo contrário. Em mim mesmo vejo coisas que gostaria de "arrumar". Mas essas operações só devem ser feitas se forem ajudar o paciente a melhorar sua auto-estima e a sua saúde, e sem exageros! Será que uma garota de 17 precisa mesmo, de verdade, de uma segunda plástica? Será que uma mulher que já fez dezenas de cirurgias ainda acha imperfeições em seu rosto que devem ser alteradas?

E isso nos leva para um outro pensamento: afinal, o que é o bonito? Será que essas mulheres querem "melhorar", realmente, para se sentirem melhor ou para as outras pessoas? O que é bonito para mim, não é bonito para outras pessoas. Meus amigos acham a Angelina Jolie a mulher mais linda do mundo. Ela é bonita, claro, mas eu, na minha humilde opinião, gosto mais da Natalie Portman, usando como exemplos atrizes Hollywoodianas. Questão de opinião.

Será que vale tudo pela beleza? Será que o ser humano é tão mesquinho a ponto de valorizar mais o que existe por fora da pessoa, do que o que existe por dentro? Não gosto de admitir, mas acho que a resposta é "sim"...