Sunday, January 30, 2011

As barbaridades da TV brasileira

Ela já tem 60 anos. É uma idosa, experiente, já passou por muita coisa. Mas continua com uma mentalidade de uma adolescente de 13 anos que ama Crepúsculo e o Fiuk. Simplesmente não dá para entender algumas coisas que a gente vê na TV brasileira. E me refiro à todos os padrões de canais, desde aqueles mais simples até aqueles de grandes conglomerados do país. Da CNT à Canção Nova, do Canal 21 até a toda poderosa Rede Globo de televisão, todas elas, TODAS, têm seus podres. E eles não estão guardados, não! Estão na grade de programação!

Quem nunca encontrou, enquanto zappeava pelos canais, um daqueles programas que prometem dinheiro fácil? Basta a pessoa ligar, acertar uma palavra que está embaralhada na tela e pronto, lá se vão cinco mil reais para a conta. Não sei se tem alguém idiota o bastante para cair nesse tipo de golpe, mas, pensando bem, deve ter sim: de onde esse povo tira dinheiro para comprar tantos horários na TV desse jeito? Fora os apresentadores... Ahh, coisa fina! Das duas, uma: ou eles pensam que a gente é surdo (porque gritam que é uma maravilha), ou que a gente é débil mental...

Outra coisa que eu não consigo entender é como que o governo permite que programas religiosos que OBVIAMENTE só estão na TV para pedir dinheiro aos pobres mortais, continuem indo ao ar, todos os dias. Esses dias, um pastor pedia que, no mínimo, os fieis depositassem na conta R$200,00, R$100,00 ou R$50,00. Isso é assalto, em rede nacional. Será possível que só eu ache isso errado? Acho que não.

Mas depois de programas golpistas de quizzes e programas religiosos (não menos golpistas), podemos falar também das pseudo-celebridades. Eles estão por toda parte. Por incrível que pareça, é na Globo o maior número deles por metro quadrado. Além do famigerado Big Brother Brasil (não vou falar sobre isso), temos algumas pessoas que eu, simplesmente, não sei por que estão na mídia. Não são atores. Não são apresentadores. Não são absolutamente nada e estão lá, na grade.

Aqui vou citar nomes: afinal, Bruno de Luca, o que você faz da vida a não ser puxar o saco do Ronaldo Fenômeno ou da Fernanda Paes Leme? Ganha dinheiro para ficar na geladeira da Globo e participar (e puxar o saco, claro), do Faustão? Enfim, se alguém puder me responder o que esse cidadão faz que preste, me informe.

Quem ai quer uma TV de qualidade põe a mão aqui. E por favor, não vamos ter que esperar mais 60 anos, certo?

Terror, suspense e romance se misturam em "Deixe-me Entrar"

O que você faria por uma grande amizade? Ou, por um grande amor? Estaria disposto a abandonar tudo, a aceitar todo tipo de coisa, a viver uma vida incomum e às escondidas só por causa desse amor? Pode parecer estranho, mas é justamente sobre esses tipos de questionamentos que o longa de terror e suspense “Deixe-me Entrar”, trata. Sob todo o fundo obscuro, macabro e, em certos momentos, assustadores que percorre o filme, no fundo, a história tem tons de romance.

Mas não se deixe enganar: mesmo com essa premissa de apresentar um filme de terror por uma perspectiva mais “romântica”, “Deixe-me Entrar” é um dos melhores filmes do gênero Terror/Suspense lançados nos últimos anos. Créditos para o diretor Matt Reeves (de "Cloverfield - Monstro"), que fez um ótimo trabalho nessa refilmagem do longa "Deixe Ela Entrar", de 2008, do diretor sueco Tomas Alfredson, baseado no livro do também sueco John Ajvide Lindqvist (que assinou o roteiro do filme original), "Let The Right One In" (algo como "deixe o escolhido entrar").



A história gira em torno do casal juvenil Owen e Abby. Owen é um garoto de “12 anos, oito meses e nove dias”, como ele mesmo diz, que é o típico garoto solitário, sem amigos, perseguido pelas outras crianças no colégio. Abby, uma garota de “12 anos, mais ou menos”, muda-se para o apartamento ao lado do de Owen, e os dois iniciam uma amizade. Porém, essa amizade vai se revelar muito mais estranha (e perigosa), do que o garoto esperava.

Quando uma série de pessoas são encontradas mortas na cidade, sem uma gota de sangue no corpo, a polícia local inicia uma busca por uma possível seita satânica. Mas as buscas acabam levando a polícia até Abby, uma garota que foge dos padrões: ela nunca sente frio, mesmo com os pés descalços na neve, tem gostos alimentares diferenciados e não parece gostar (ou saber) de coisas típicas das crianças de sua idade.



É uma história que prende o espectador, com um roteiro bem construído pelo diretor Matt Reeves, uma trilha sonora que ora enche a tela de adrenalina, ora relaxa o público – palmas à Michael Giacchino, o mesmo responsáveis por trilhas de filmes como “Up – Altas Aventuras” e “Star Trek”, e uma fotografia impecável, que ficou por conta de Greig Fraser. Nessa parte técnica, os efeitos visuais são a única coisa que peca por uma certa falta de qualidade. Mas nada que prejudique o filme.

Mas, agora, preste atenção nesse nome: Chloe Moretz. sim, você a conhece e a viu a pouco tempo nos cinemas. A espirituosa Hit Girl, de “Kick Ass – Quebrando Tudo”, volta às telas e interpreta a protagonista, Abby. Não há como negar que Chloe é uma das melhores atrizes juvenis da atualidade em Hollywood: ela esbanja carisma e talento. Ao seu lado, Kodi Smit-McPhee (de “A Estrada”), vive Owen, e também se revela um bom ator.



Ao final das quase duas horas de projeção, o espectador vai ter a certeza de ter conferido um dos melhores filmes de terror dos últimos anos. Durante todo esse tempo, ele vai construir suas teorias sobre os mistérios que envolvem Abby e sua chegada repentina à cidade. Pode até ser que o filme tenha um final esperado, mas o importante são os acontecimentos que levam até esse momento. Ai, os questionamentos encontrados no primeiro parágrafo do texto podem ser melhor respondidos.




Friday, January 28, 2011

Filmes que eu vi recentemente (e minhas opiniões)

Férias é um período de não fazer nada. Claro, se você for pobre. Se você for rico, vai viajar e fazer um monte de coisa legal. O que resta à nós, cinéfilos pobretões de plantão? Oh yes, sir! Alugar um filminho aqui, pegar emprestado um piratex ali, essas coisas. Na última semana, vi alguns filmes bem bacanas (ou nem tanto assim), que compartilho com vocês aqui (e agora, como diria Gil Gomes):


CARROS (Cars): Animação - Disney Pixar - 2006 - 116 min

Convenhamos: a Pixar já fez coisa bem melhor nos últimos anos. Não que o filme de Relâmpago McQueen seja de todo ruim (há passagens interessantes e o visual é incrível), mas parece não ter a magia de outros filmes da empresa, como Procurando Nemo ou Rattatouile. Também não é emocionante como "UP - Altas Aventuras", nem tão carismático quanto "Wall-E". Mesmo assim, vai ganhar uma continuação (Cars 2 - World Grand Prix). Ainda sem ser um trabalho primoroso, vale a pena dar uma conferida.


WATCHMEN - O FILME (Watchmen): Ação/Ficção Científica - 2009 - 163 min

Um filme de super-heroi, mas que não parece um filme de super-heroi. Com um enredo denso, adulto, sombrio, essa adaptação para o cinema da famosa HQ sofre de um mal que,se superado, revela um longa incrivelmente bom: ele é lento, um tanto monótono, na primeira metade. Mas se você superar isso, vai ser presenteado com um baita filme, com um roteiro bem bolado. O diretor, Zack Snyder, dirigiu outro longa baseado em HQ: "300".


TÁ CHOVENDO HAMBÚRGUER (Cloudy with a Chance of Meatballs): Animação - 2009 - 90 min

Para mim, uma grata surpresa. Um filme que diverte, com um visual caprichado e personagens carismáticos. Na história, um cientista bem fanfarrão cria uma máquina que transforma água em comida. Ok. A partir dai, é, literalmente, uma chuva de comida pelo filme todo, e o que parecia uma coisa boa no começo, acaba mudando de cara no final. Não vou entrar na parte do desperdício total de alimentos que o longa mostra, mas aviso: não veja esse filme de estômago vazio.


INVENCÍVEL (Invisible) - Drama - Disney - 2006 - 105 min

Se "Tá Chovendo Hambúrguer" me pegou de surpresa e se mostrou um bom filme, o que dizer de "Invencível", com o sempre talentoso Mark Wahlberg no papel principal? Esse é um ótimo filme, com uma história real de superação. Mark vive Vince, um cara que só se fode na vida, mas que tem a mesma transformada quando é escolhido para fazer parte da equipe de futebol americano do Eagles. Se quer um filme redondinho e bem conduzido, indico esse ai.

Tuesday, January 25, 2011

"A Hospedeira" prende o leitor com mistura de romance e ficção-científica

A Terra foi invadida por seres silenciosos. As "Almas", raça de parasitas prateados que dominam planetas por todo o universo, são inseridas nos corpos humanos, que perdem completamente sua consciência e ficam totalmente à mercê da dominação alienígena. Hospedeiro. É nisso que um corpo humano se transforma ao ser dominado por uma alma. Um corpo sem vontade própria, que só obedece ao seu novo e pequenino mestre. A jovem Melanie Stryder é um dos poucos humanos que ainda caminham pela face da Terra, ao lado do irmão Jamie.

Mas a vida de Melanie muda bruscamente quando ela é capturada pelos Buscadores. Ela é levada até o Curandeiro Forbs Água Profunda e recebe uma nova mente: Peregrina, uma alma viajante e poderosa. Porém, o que Peregrina não esperava era a relutância de Melanie em deixar seu corpo. Uma luta interna é travada. Peregrina quer dominá-la, porém, Melanie não quer desaparecer. É nessa premissa que Stephenie Meyer, a mesma autora da série "Crepúsculo", nos apresenta "A Hospedeira" (The Host). Um livro mais adulto do que a saga dos vampiros, que mistura romance e ficção-científica num caldeirão efervescente.


Porém, pode tirar seu cavalinho da chuva se você acha que o livro vai mostrar um mundo pós-apocalíptico, com guerras e batalhas entre humanos e as almas, com seus hospedeiros. Nada disso. "A Hospedeira" é uma reflexão sobre a vida humana, sobre sentimentos. A relação que se estabelece entre Melanie e Peregrina é algo que vai fazer a alma pensar sobre o que é o certo: lutar por aquilo que é certo para a sua espécie ou enfrentar desafios maiores em busca do amor verdadeiro - que ela não sabe bem se é dela unicamente ou da mente humana, ambos no mesmo corpo.

Não é exagero afirmar que o livro pode ser enfrentado como uma mistura muito bem produzida entre "Crepúsculo" e o filme-arrasa-quarteirões "Avatar", de James Cameron. Do mesmo modo que Jake Sully, Peregrina se volta contra os da sua própria espécie para salvar um grupo de humanos. Ela acaba se apaixonando por Jared, o mesmo homem que Melanie ama. Então, estabelece-se um triângulo amoroso, mas com apenas três corpos - como a própria autora define o livro na quarta capa.

Porém, se o amor é tratado de maneira irritante e quase sem explicação em "Crepúsculo" e suas continuações, em "A Hospedeira" ele é mostrado de maneira muito mais adulta. Ele surge aos poucos, com a convivência de seres tão diferentes. Sim, por que Peregrina encontra, com a ajuda de Melanie, um reduto humano, onde mais de 30 pessoas resistem à invasão das almas. Ela é "aceita" no grupo, e todos - humanos e alma, têm de aprender a conviver com as diferenças.

A história desenrola-se, quase que inteiramente, dentro das cavernas na qual os humanos tentam sobreviver. Por isso, os sentimentos humanos como raiva, amor, desconfiança, ódio e amizade são mostrados em sua mais pura essência. O personagens, cada um deles, têm seu charme. Peregrina não consegue definir o que é certo ou errado e sua dúvida a acompanha por boa parte da leitura. Melanie é uma voz que acaba tornando-se uma guia à alma. Jeb é o tio curioso e protetor, que quer conhecer as histórias da alienígena. Jared, é a paixão e o desejo em pessoa. Jamie, o amigo - e irmão, de todas as horas. Ian vai ter a vida mudada e descobrir o significado - verdadeiro, do que é ser um "humano".

Porém, nada é um mar de rosas. A edição brasileira de "A Hospedeira", publicada pela Intrinseca, deixa um pouco à desejar. Não pela apresentação do livro ou pela qualidade do papel, ambas ótimas. O fato é que, ao ler o livro, não é necessário muita atenção para encontrar erros grosseiros de português ou letras trocadas. O que faltou foi uma revisão mais atenta por parte da editora. Quem sabe numa próxima edição. Não é um fato que atrapalhe a leitura, mas é algo que deixa o livro com cara de "preparado em cima da hora".


Para finalizar, "A Hospedeira" é um livro que vale a pena ser lido. As cenas de romance não são tediosas e chatas como as encontradas em "Crepúsculo", por exemplo. Embora seja uma história de amor, a publicação leva ao leitor muito mais do que isso. Leva um mix de emoções e sentimentos. Peregrina viajou por vários planetas para chegar à Terra e mostrar o que é, de verdade, ser um humano.

PS. Os direitos de "A Hospedeira" foram adquiridos por um trio de produtores, que anunciaram o nome de Andrew Niccol (Gattaca) como diretor. De acordo com o site da revista Variety, Nick Wechsler, Steve e Paula Mae Schwartz estavam à procura de uma história de ficção científica para produzir, e acabaram comprando os direitos de A Hospedeira com dinheiro próprio. Por isso o filme será independente. O filme deve estrear em Setembro deste ano.

Thursday, January 20, 2011

“Enrolados”: Rapunzel joga suas tranças num filme com a qualidade Disney

Esqueça tudo o que você sabe sobre Princesas. Esqueça “Branca de Neve” e sua eterna espera por um beijo numa redoma de vidro no meio da floresta; faça de conta que nunca conheceu “Cinderela” e seu sapatinho de cristal ou tantas outras. “Enrolados”, 50º animação dos estúdios Disney, lançado no começo de janeiro, é uma releitura do conto de fadas “Rapunzel” e traz novidades tanto à história original, quanto ao padrão das Princesas Disney, que já não são tão passivas, como antigamente.


O filme mostra uma mescla perfeita entre humor, aventura, romance e um toque musical já característico nesse tipo de produção. Mas não se deixe enganar: “Enrolados” é um filme de princesa que não parece filme de princesa. É a típica produção que vai agradar a todos os públicos. As meninas vão gostar da protagonista, Rapunzel, e de sua história de amor. Já os moleques vão curtir o ladrão Flynn Rider e as cenas de humor e aventura. Tudo foi meticulosamente pensado para que ninguém saia do cinema torcendo o nariz. Até mesmo as sequências musicais são animadas e bem produzidas.

A história, como eu disse, segue o roteiro do conto original, mas com várias mudanças. Rapunzel é uma garota prestes há completar 18 anos que vive presa numa torre alta desde que nasceu. Na verdade, ela é a princesa desaparecida do reino que tem cabelos com poderes de cura e de rejuvenescimento, porém, que não pode ser cortado. Por isso ela é mantida em cárcere. Seu único amigo é Pascal, um camaleão cheio de atitude. Mas tudo muda quando ela conhece o ladrão Flynn Rider.

Diferente das princesas anteriores d Disney, Rapunzel não está nem um pouco a fim de encontrar seu Príncipe Encantado. Ela só quer sair da torre na qual vive. Ela também é uma garota cheia de atitude e rebeldia, o que caracteriza muito bem a sua idade: ela bate de frente com a mãe, tem crises de choro e de alegria e fica em dúvidas quanto aos seus sentimentos. Já Flynn é um cara nem um pouco confiável. De príncipe, ele não tem nada: é um ladrão pé-rapado que só quer saber de se dar bem.



Mas, como todos sabem, a Disney é muito boa no que faz. E se tem uma coisa que ela faz muito bem, além de seus personagens principais, são os personagens secundários, de apoio. Em “Enrolados”, não tenho receio de dizer que eles são os responsáveis pelas cenas mais engraçadas do longa. Maximus, o cavalo, mais parece um cão de caça e é cheio de caras e bocas. Tem também Pascal. Mas, de longe, a trupe de Bárbaros do bar “Patinho Fofinho” é responsável pelas cenas que mais arrancam gargalhadas dos espectadores, em todas as suas aparições. Destaque para o bárbaro-anão-cupido-bêbado. Impossível não ter um ataque de risos.



Saindo os personagens, entra a parte técnica do longa, que é uma pura “falta de sacanagem” por parte da Disney. O visual de “Enrolados” é um primor. Cada detalhe é de uma qualidade estupenda. A floresta é belíssima e a cena das lanternas é uma das coisas mais lindas que eu já vi numa animação. A trilha sonora também é muito bem conduzida, e as cenas musicais (quando os personagens cantam “uma linda canção”), são curtas e bem conduzidas. Por isso, se você não gosta desse tipo de coisa, em “Enrolados” o problema é minimizado.

Porém, não dá pra fazer uma crítica ao filme sem falar de uma coisa que irrita, e muito, durante toda a projeção: a dublagem. “Uma” dublagem em especial. A de Flynn Rider, que é vergonhosamente conduzida por Luciano Huck. É fácil, fácil a pior parte do filme. A dublagem d apresentador é péssima, sem emoção. Fico me perguntando quem foi o gênio que o convidou para tal participação e por que (acho que é por causa do problema do nariz de Flynn em seus cartazes de procurado, sempre tortos e mal feitos). Mas vamos ver o lado bom: pelo menos não chamaram a Angélica para dublar Rapunzel.

Enfim, com tantos pontos positivos, esse (grande) detalhe da horrível dublagem de Luciano Huck até pode ser minimizado (você acaba se acostumando depois da primeira meia hora de projeção). O longa é impecável no que se propõe: mostrar uma história cheia de romance e aventura, com pitadas de comédia. “Enrolados” mostra que as princesas da Disney ainda tem muita lenha para queimar nos cinemas, e que não são mais como antigamente. Agora elas são perigosamente destemidas e armadas. Com frigideiras.

PS: Crítica baseada na versão 2D do filme;

Monday, January 17, 2011

Os Livros que eu nunca vou ler #02

Recentemente, fiz um post do qual eu gostei muito falando sobre alguns livros que, de tão toscos, bregas, horrendos ou qualquer outro adjetivo pejorativo, eu jamais leria. Pois bem, foi um desabafo que deu uma certa repercussão, e me fez voltar ao assunto, depois que eu vi essa manchete fantástica no caderno Ilustrada, da Folha.com, nesta semana:


Pois é, esse simples texto de 54 caracteres mostra muita coisa: 1) Que a música têm passado por uma fase negra aqui no Brasil, devido à esses Restart, Cine, Replace, Hori e demais bandas coloridas; 2) Que além de um péssimo gosto musical, os fãs desses lixos também têm um péssimo gosto para a leitura; 3) Que o mercado editorial está desesperado e aceita qualquer obra em seu catálogo; 4) E que eu estou c*gando e andando pra esse povo.

Se o problema parasse por ai, tudo bem, eu até fingia demência sobre o assunto. Mas não. Como diz sabiamente o ditado popular, "desgraça pouca é bobagem". Basta uma simples pesquisada na internet para achar ainda mais atrocidades literárias. Essa aqui, por exemplo: "O Diário de Fiuk". Sério, eu senti arrepios na espinha quando vi que isso foi publicado.

Sábio visitante que está lendo esse singelo post, me diga, sinceramente: o que um cara que pensa que é cantor, que acha que é ator, que tem a ilusão de ser galã de televisão (tudo isso sendo fortalecido pela Rede Globo, que quer nos jogar esse sapo pela goela abaixo), que só apareceu na mídia porque é filho de uma pessoa famosa (no caso, o cantor, de verdade, Fábio Júnior), tem de tão importante, estarrecedor e bombástico para nos contar? E o pior, foi o próprio Fiuk, o mais "fodão" da atualidade na TV, quem escreveu o livro, em forma de diário. O que esse tipo de publicação pode trazer de bom à alguém? Será que ele tem um capítulo falando como é viver sendo uma pseudo-celebridade que só aparece nos sites de gente famosa porque é filho de um deles? Duvido.

Ah, e não se iluda se você acha que esse "problema" é exclusivo dos brasileiros. Lá na terra do Tio Sam, na terra dos dólares, na idolatrada Estados Unidos da América, existem os "Fiuks" e "Restarts" dos americanos. Sim, ele mesmo, o cara que quer ser o novo Michael Jackson, que passa glitter nos lábios, que deve alisar até os pentelhos, o cara do cabelo lambido, o Justin Bieber. O guri já tem, nada mais, nada menos, do que duas biografias lançadas (!?), sendo apenas uma oficial.

"Justin Bieber, uma Biografia não Autorizada", do jornalista britânico Chas Newkey-Burden, tem 224 páginas e conta a curta trajetória (ainda bem que ele assume), do menino até o estrelato, além do surgimento de suas primeiras espinhas, da primeira punheta e a primeira chapinha. Sim só pode ser isso que o livro mostra porque que história um moleque de 16 anos tem para contar? Fala a verdade: não é um Fiuk menor de idade? A única diferença é que o pai do "Justeen" não é famoso e nunca pegou a Glória Pires.

Bom já vou ficando por aqui com o segundo "Os Livros que eu nunca vou ler"... Senão, daqui a pouco, vão estar me xingando muito no Twitter pela puta falta de sacanagem que eu estou fazendo. Depois de Geisy Arruda, ex-BBB's, artistas de qualidade duvidosa na música e filhos de celebridades, quem mais vai estampar capas de livros por esse mundo afora? Sério, eu tenho até medo de esperar para ver.

"Além da Vida" mostra emoção e sensibilidade no trato à morte

Marie é uma famosa jornalista francesa, de férias na paradisíaca Tailândia com seu namorado. A quilômetros dali, em Londres (Inglaterra), os irmãos gêmeos Marcus e Jason lutam para se livrar de dois assistentes sociais que querem tirá-los do convívio da mãe, usuária de drogas. Indo mais além, em São Francisco (EUA), George é um trabalhador comum, que tenta esquecer seu passado e sua “maldição”, que nas palavras de seu irmão, é, na verdade, um “dom”. Três histórias, que num primeiro momento, não têm nenhuma relação. Mas o destino é algo que ninguém pode controlar, e ele vai fazer com que essas pessoas se cruzem.

A arma que o destino usa para essa união é a morte. Ou melhor, a questão que 10 entre 10 seres humanos gostariam de ter uma resposta: o que existe após a morte? Ainda continuamos a existir? Ou tudo se acaba? O diretor Clint Eastwood e o roteirista Peter Morgan não querem responder a essa pergunta em “Além da Vida” (“Hereafter”, no original). De forma sensível e bela, o filme aborda muito mais a maneira como o ser humano se dá com a perda de seus entes queridos e a busca de consolo para essa dor tão forte.

George (Matt Damon), já foi esse tipo de consolo. Como dito, ele é um operário de São Francisco. Mas nem sempre foi assim. Após um acidente na infância, ele começou a ter visões e a se comunicar com pessoas que já haviam morrido. Durante um bom tempo, ele foi o vidente mais famoso dos Estados Unidos, passando mensagens dos mortos a seus parentes que ficaram na Terra e ganhando tudo o que um homem quer: fama, dinheiro e um site na internet. Quase tudo, menos felicidade. Por isso, resolve jogar tudo isso para o alto, tentar esquecer sua maldição e viver uma vida normal.

Mas viver uma vida normal pode ser mais difícil do que parece. Marie (Cécile De France), que o diga. A jornalista vivia feliz até sua viagem à Tailândia. Vítima de um acidente sem precedentes (que eu não vou contar para não estragar a surpresa), ela vive uma experiência de quase morte, na qual enxerga algo que, até hoje, a ciência tenta explicar. Curiosa como todo jornalista, ela inicia uma busca aprofundada sobre o assunto.

Enquanto isso, Marcus (Frankie McLaren, George McLaren), tem de lidar com duas perdas: primeiro, com a morte do irmão gêmeo, Jason, e em seguida, com a separação da mãe biológica, quando ele é levado para morar com outra família. Ainda abalado, ele vai tentar, a qualquer custo, uma maneira de voltar a falar com o irmão.


Bryce Dallas Howard (Melanie) e Matt Damon (George)

Os gêmeos Frankie McLaren George McLaren (Marcus e Jason)
Cecile de France (Marie) e Thierry Neuvic

O drama “Além da Vida” é o segundo trabalho conjunto do diretor Clint Eastwood com o galã Matt Damon: o primeiro foi “Invictus”, em 2009. Aqui, a questão da vida após a morte é tratada de maneira muito mais sensível e carinhosa do que, por exemplo, nos filmes nacionais “Chico Xavier” ou “Nosso Lar”. Sem lições de moral ou algo do gênero, ele mostra como o ser humano não sabe lidar com a perda e a separação. Nesse sentido, o roteiro deixa de lado grandes explicações sobre o assunto e abrange as facetas humanas, suas experiências.

Matt Damon mostra porque está se tornando um dos queridinhos de Clint Eastwood. Mesmo que esse não seja um papel marcante na carreira cinematográfica do ator, ele mostra um George cabisbaixo, apático e quase depressivo, sem vida social e quase abandonado. E ele consegue jogar toda essa tristeza no colo do espectador, o que é justamente a intenção do diretor. A francesa Cécile De France, por outro lado, mostra uma atuação forte, que chama a atenção sempre, independente da pessoa que esteja contracenando com ela.

Efeitos visuais (esse mesmo que em pouquíssimas cenas do longa), e a trilha sonora complementam o cenário da produção. Numa das cenas iniciais do longa, uma sequência de tirar o fôlego, literalmente, prende a atenção dos espectadores, que, arrisco, vão ser pegos de surpresa. Uma cena dirigida magistralmente e com belos efeitos. Já a trilha é algo menos dramático e mais sensível. Destaque para as sequências que abordam a história de Marie: a trilha é tocante, suave e inspirada. Méritos a quem? Novamente, o veterano Clint Eastwood.

A palavra que pode definir “Além da Vida”, talvez, seja sensibilidade. Em cada canto do longa, podemos notar a atenção que o diretor teve de fazer um filme leve, que mexe muito mais com as emoções do espectador do que com suas doutrinas, tornando-se um filme democrático, que pode ser aproveitado por qualquer pessoa. Ao final da projeção, você terá a sensação de que acabou de ver um filme que não tem só um enredo encantador, boas atuações e trilha tocante, como também uma produção de uma beleza ímpar.