Wednesday, September 29, 2010

Um trio que apronta altas aventuras no transporte coletivo!

Olá pessoas. Faz tempo que não apareço por aqui para choramingar as mágoas do dia-a-dia. Bem, cá estou eu novamente para trazer à vocês mais uma crônica da vida real - o que, às vezes, é depressivo demais. Há algum tempo atrás, eu postei aqui a falta de noção de algumas pessoas dentro dos ônibus, esse transporte coletivo tão adorado pela raça humana, principalmente ao final de um longo dia de trabalho. Pois bem, e não é que hoje eu venho aqui contar à vocês a segunda parte dessa triste história, tão irritante quanto a primeira.

O horário era exatamente o mesmo. Final do dia, no trajeto de ida à mais uma noite de estudos na universidade (o que a gente não passa para ser alguém na vida, né não?). O ônibus em si não era o mesmo, mas a linha, sim. A única grande diferença é que, hoje, o coletivo não estava parecendo uma lata de sardinha gigante, abarotada de gente - o que pode ser considerado um milagre, já que ônibus e multidão é uma combinação tão comum quanto pasta e escova de dentes.

Mudou também o estilo musical ouvido. Saem os forrós e afins vindos do Norte / Nordeste do Brasil e entram Lady's Gaga, Paramore's e Rihanna's, diretamente do Hemisfério Norte do globo. Mas aí é que vem a novidade - e desculpe se, como bom jornalista, não evoquei aqui as regras do lead e coloquei a novidade lá no topo... queria criar um clima, sabe? Eles eram três. Assim, de relance, eu desconfio que eram Emos. Uma, eu tenho certeza, era uma garota. Os outros dois deveriam ser garotos - ou assim estava registrado na certidão de nascimento, mas vai saber...

Nem um pouco contentes em mostrar para TODOS do ônibus que eles tinham um celular potente e que reproduzia arquivos no formato MP3, colocando o som no último volume possível e fazendo berrinhos agudos modificados no computador ecoar pelo corredor, eles cantavam. Ah, e cantavam MUITO ALTO. E não, eles não cantavam bem. Só para exemplo de comparação, sabe aqueles candidatos toscos do "Ídolos", aqueles que só servem pra gente rir e para os jurados tirarem um sarrinho básico? Pois então, eles cantavam nesse nível ai.

Será que esse povo não tem noção que incomoda os outros não? Eu tenho uma amiga que tem uma frase muito boa, que irei reproduzir aqui: "A sua liberdade termina onde a minha começa". Claro, essa frase não se aplica à pessoas que fazem questão de colocar um som (gosto particular) numa altura em que todos são obrigados à ouvir. Me diz, para que inventaran o fone de ouvido? Sério, essa é a melhor invenção, melhor que a máquina de lavar, do que o MC Lanche Feliz ou do que o Sabre de Luz... E é mais barato do que esses também.

Gente, consciência é uma coisa barata! Cada um já nasce com a sua e não custa nada.

Monday, September 6, 2010

Você conhece o "Nosso Lar"?


"Nosso Lar", filme de Wagner de Assis e que estreou na última sexta-feira (dia 03), em mais de 400 salas de cinema do Brasil, querendo ou não, já marcou história no cinema nacional. Não por ter sido o segundo filme com maior arrecadação da história num final de semana de estréia, perdendo apenas para o também espírita "Chico Xavier", de Daniel Filho, mas por apostar alto e provar que o cinema brasileiro tem competência, sim, para fazer obras grandiosas. Na verdade, "Nosso Lar" tem muito de "Avatar", filme arrasa-quarteirões de James Cameron, lançado no ano passado.

Você deve estar achando, no mínimo, estranha essa comparação. Não, Jake Sully não era espírita. Muito menos André Luiz, personagem principal do longa nacional, se apaixona por uma Na'vi. Mas, ao assistir o trailer de ambos os filmes, e depois, os longas em si, uma coisa em comum surge: o primor técnico que ambas as produções possuem. "Avatar" foi o filme mais caro de Hollywood (foram 500 milhões de dólares), enquanto "Nosso Lar", o mais caro já produzido no Brasil: o longa é fruto de um investimento de R$ 20 milhões.

E para contar a história de André Luiz, médico que morre de forma repentina e acaba indo parar no Umbral (mais detalhes abaixo), antes de ser resgatado e ser levado à Colônia Nosso Lar, o diretor investiu em nomes de peso internacional, à começar pelo Diretor de Fotografia Ueli Steiger, o mesmo do filme catástrofe "Um Dia Depois de Amanhã", de 2004. Já as toneladas de efeitos especiais presentes no longa ficaram à cargo da empresa canadense Intelligent Creatures, responsável pelo mesmo trabalho em filmes como “Babel” e “Watchmen”. E esse é mesmo o chamariz do filme: o seu visual. Mais uma semelhança com "Avatar", ou não?

Outro lado
Quando "Avatar" estreou, em dezembro de 2009, duas vertentes surgiram: os que adoraram o filme de Neytiri e companhia, e, numa outra ponta totalmente oposta, os que odiaram. Esses usavam um argumento simples para denegrir o longa que ficou mais de 10 anos sendo produzido: o fraco roteiro. Novamente, a comparação à "Nosso Lar" se faz pertinente. Assim como o filme hollywoodiano, a produção espírita tropeça no roteiro e nos diálogos, partes de grande importância num filme. O roteiro de "Nosso Lar" é simples demais, didático demais. Não há conflitos, somente ensinamentos, uma lição de moral. O filme funciona muito mais como uma excursão à cidade na qual todos nós, de acordo com o filme em si, vamos morar. Olha ai, outro ponto de semelhança com "Avatar" e nosso passeio por Pandora.

No longa, como dito timidamente acima, o médico André Luiz morre de forma repentina. Quando "acorda", ele está no Umbral: uma planície envolta na escuridão, desértica, que funciona como um "purgatório", onde as almas vão após a morte, até se arrependerem de seu atos terrenos. Fome, frio, sede e dor, física e espiritual, são constantes. Almas se arrastam por poços de lama e piche, são chicoteadas e sofrem eternamente. André Luiz perde a conta de quanto tempo fica no Umbral, mas é salvo e levado para Nosso Lar, onde aprende sobre toda a doutrina espírita. E o espectador aprende junto.

Renato Prieto, desculpe o trocadilho, "encarna" André Luiz, o médico que, até então, não conhecia os ensinamentos espíritas. À ele, juntam-se no elenco Fernando Alves Pinto(Lísias), Rosanne Mulholland (Eloísa) e Werner Schünemann, que interpreta o guia espiritual de Chico Xavier, Emmanuel. E é aqui que reside outro defeito do filme: os diálogos e as atuações. Algumas conversas são desconexas, como numa cena onde André está sentado no gramado, sem nenhum motivo aparente, surge Tobias (vivido por Rodrigo dos Santos), e grita que "o mundo precisa de momentos felizes". Não é pela fala em si, mas sim o momento, nem um pouco oportuno, no qual ela foi dita - no caso, gritada. Algumas atuações, como de Rosanne, também não empolgam.

"Nosso Lar", no final das contas e jogando os prós e os contras numa balança, acaba se saindo um filme que funciona. Logo de cara, o espectador é jogado (quase literalmente) em cenas que sequer parecem estar saindo de um filme nacional. Essa é a grande vitória do longa: mostrar que o cinema nacional pode criar filmes grandiosos, se não em roteiros ou diálogos, com um visual pra lá de caprichado. Não que o enredo seja de todo errado: ele tem, perceptivelmente, a intenção de levar a doutrina espírita à grande massa. Nesse ponto, ele acerta, e na mosca. Enfim, é um filme que atrai tanto os curiosos, quanto espíritas. Ambos sairam do cinema com a sensação de ter assistido um filme correto, mas que poderia ser melhor.