Saturday, March 26, 2011

“SuckerPunch” mostra o poder da imaginação em um filme empolgante

Os cientistas gostam de afirmar que o que separa os seres humanos dos outros animais é a sua capacidade de pensar e utilizar o cérebro de uma maneira mais completa. Entre essas atribuições exclusivas dos humanos, está a imaginação. Uma arma poderosa, como você bem sabe. Quem nunca se imaginou num outro mundo, fazendo coisas impossíveis? Ou então, quem nunca se imaginou vivendo naquele game que joga, no livro que lê ou no filme que assiste? Realmente, a imaginação é poderosa, e pode nos fazer, também, supera problemas mais sérios.

É exatamente esse poder absoluto e de total controle dos homens que Zack Snyder, diretor de ótimos filmes, como “Watchmen” e “300”, mostra em “Sucker Punch – Mundo Sureal”, sua nova produção, totalmente idealizado por ele (além do diretor, ele também é o produtor e o roteirista do longa). “Sucker Punch” une tudo aquilo que os adoradores do cinema “pipocão” prezam (belas mulheres, ação desenfreada, efeitos de cair o queixo), porém, é tudo isso e muito mais, como vou tentar mostrar para vocês.



A história mostra Babydoll (Emily Browning, de “Desventuras em Série”, sendo levada à um hospital para doentes mentais após a morte de sua mãe. Herdeira de uma grande fortuna, esse é o único jeito de seu padrasto ficar com todo o dinheiro. No hospital, Emily busca no fundo da sua mente uma maneira de escapar. Para isso, ela cria mundos inusitados, onde precisa completar missões.

Com essa sinopse, Zack Snyder abre um leque infinito de opções. Afinal, quantos mundos diferentes você mesmo já não imaginou? Para ajudar em sua missão, Babydoll conta com a ajuda de suas amigas Sweet Pea (Abbie Cornish), Rocket (Jena Malone), Amber (Jamie Chung) e Blondie (Vanessa Hudgens).

A história pode parecer maluca, mas funciona. E muito. O roteiro construído poder confundir os menos atentos no início, porém, no decorrer da exibição, tudo vai fazendo sentindo e se encaixando. Em certos momentos, você pode até pensar “onde tudo isso vai dar?”, e não se sinta estranho por isso. Esse é o charme do filme. O final, posso adiantar, é um tanto quanto surpreendente.

Mas não dá para negar que, logo de cara, o que nos chama a atenção do filme é o seu visual. Primoroso, já deixo claro, e uma verdadeira beleza aos olhos de simples mortais. Tudo, tudo, é cheio de detalhes e muito bem construído. Tudo parece real e pode fazer alguns queixos caírem em pontos específicos da produção. Eu destaco a cena inicial do longa, ao som de “Sweet Dreams”, uma sequência que eu gostei muito e que é de fazer qualquer um babar.



E os efeitos especiais estão em toda parte. Cada mundo criado por Babydoll é riquíssimo e muito, muito bonito. Desde mundos tecnológicos até terras medievais, passando ai por templos orientais. Tudo lindo. Dá aquela sensação de nada é efeito especial, de tão bem feito. Veja a luta entre Babydoll e os três samurais gigantes, e você vai ver do que eu estou falando.

Agora, use sua imaginação assim como Babydoll e visualize todos esses elementos num filme típico de Zack Snyder. Sim, lá estão as sequências clássicas do diretor, sempre em câmera lenta. A cena inicial, que eu citei ali em cima, por exemplo, é toda com velocidade reduzida. Mas é incrível como essa técnica funciona muito melhor em “Sucker Punch” do que em “Watchmen”, por exemplo. Claro, esse não seria um filme de Snyder sem as cenas em câmera lenta, mas acredite, nesse filme elas fazem todo o sentido e dão um novo charme.

Não posso deixar de falar na trilha sonora do filme – que eu estou ouvindo ao escrever esse texto. As músicas empolgam e dão a sensação exata do que está acontecendo. Fora a já citada “Sweet Dreams”, com uma roupagem nova, estão lá também We Will Rock You, Where Is My Mind (com participação da própria Emily Browning) e a ótima Tomorrow Never Knows.

Claro que ainda não falei das atuações. Pra variar, também estão ótimas. Destaque para Jena Malone, a Rocket. Impossível não sentir o carisma da personagem. Todas as atrizes principais mandam muito bem, mas Jena tem um “quê” à mais. Vanessa Hudgens está irreconhecível e nem parece aquela menina boba de High School Musical. Emily Browning cresceu, e sua expressão também.

Eu poderia falar muito mais sobre “Sucker Punch”, mas vou fazer diferente. Termine de ler esse texto e vá assistir esse filme. Se já assistiu, vá ouvir a trilha sonora. Se já fez isso, lembre-se das frases um tanto quanto poéticas que permeiam o filme. Unindo tudo de bacana e mais um pouco, o primeiro filme “de verdade” de Zack Snyder (todos seus anteriores eram adaptações), é uma obrigação para quem gosta de uma história louca, mas bem contada.

Saturday, March 5, 2011

"Precisamos Falar Sobre o Kevin": Uma verdadeira obra-prima literária

Ainda estou em estado de choque. Terminei de ler "Precisamos falar sobre o Kevin", e vim direto para o computador. Não dava para segurar tudo o que eu senti só para mim, tanto, que vim aqui compartilhar minhas opiniões sobre esse livro. Ele não é apenas um dos melhores livros que eu já li na minha vida, como também já é um dos meus favoritos e, com certeza, vou recomendá-lo à todos que me pedirem boas dicas de leitura.

A autora, Lionel Shriver, tem, nessa obra, de nos deixar tão próximos de Eva Khatchadourian, sua protagonista ficcional (mas que poderia muito vem ter vivido de verdade, em carne e osso), que é simplesmente impossível ler os dois últimos capítulos dessa obra sem sentir um nó na garganta, ou ter os olhos marejados e se emocionar com cada linha escrita. Muito bem escrita, por sinal.

Para nos contar a dramática história de Eva, e seu filho mais do que problemático Kevin, Lionel usa com excelência as palavras. Além de ser um dos melhores livros que eu já li, esse também é um dos mais bem escritos com os quais eu já tive o prazer de me deparar. A leitura flui com facilidade, e embora possa ser cansativa em alguns momentos, você vai sentir a vontade de devorar esse livro de uma vez.

Como dito, Kevin é problemático. Mais do que isso, ele é um assassino. Em um acidente em sua escola, ele matou a sangue frio alunos e uma professora. Porém, as revelações sobre esse caso, que são feitas por Eva, por meio de cartas escritas ao marido, Franklin, mostram que o crime foi muito mais monstruoso e dramático do que parece.

Muito mais do que falar sobre o assassinato, Lionel nos mostra, através de Eva, como um filho pode transformar - para pior, a vida de uma mãe. Não estou nem me dirigindo aos assassinatos, e sim, à gravidez em si: algo que Eva nunca quis, mas que se submeteu para agradar ao marido. As consequências são uma vida destruída, cheias de desconfianças sobre um garoto que se mostrou "anormal" desde o início.

Com certeza, tem muita coisa sobre o livro que eu ainda gostaria de escrever. Mas, agora, não consigo pensar em muita coisa, a não ser que esse é, com certeza, um ótimo livro, que deve ser lido por qualquer pessoa, principalmente, por aqueles que prezam por uma verdadeira obra-prima literária.