Wednesday, June 30, 2010

O Herdeiro do Livro Alfa #01


A criança corria pela floresta, tropeçando em raízes salientes e desviando-se dos imensos troncos das árvores. Ofegante e assustada, olhava para trás afim de visualizar seu perseguidor. Ele não estava longe. O garoto não sabia o porquê, mas aquele homem que o perseguia queria matá-lo. Na sua desesperada fuga, não conseguia identificar muito bem quem era seu algoz, apenas que era um homem forte, que vestia uma túnica suja e gasta pelo tempo. Usava também um sobretudo negro, e na mão direita, empunhava uma imponente espada de ferro. O garoto não sabia como ele podia correr tanto, se carregava uma arma tão pesada. E o mesmo sequer parecia cansado, muito pelo contrário: se desviava facilmente de arbustos espinhentos e até das raízes e troncos que tanto dificultavam a sua fuga. A criança não tinha dúvidas que se tratava de um caçador. E um dos bons.

O corpo do garoto trabalha à mil. Seu cérebro enviava ao corpo já cansado estímulos o suficiente para que, mesmo desgastado, o garoto continuasse sua fuga. "Se ele te pegar, por alguma razão, ele vai te matar", pensava consigo mesmo. Cada vez mais perto, o caçador parecia se divertir com o sofrimento da criança. Era apenas uma questão de segundos para que ele finalmente colocasse as mãos no que queria. Ao pensar desse modo, o homem sorriu, exibindo uma fileira irregular de dentes amarelos. O sorriso foi notado pela criança e aquilo serviu para que o medo se alastrasse ainda mais por cada canto do seu pequeno corpo.

Talvez tenha sido o desespero que tenha feito a desatenção se abater sobre o garoto. Ao desviar-se, num salto, de um grande tronco caído em meio à tantas árvores centenárias, ele não percebeu o galho fino, porém firme, que pairava logo acima do tronco caído. No salto, sua testa foi de encontro com o galho, atingindo-lhe em cheio. O golpe fez com que ele perdesse o equilíbrio e caísse de costas no chão molhado e cheio de folhas mortas da floresta. A dor logo se espalhou pelos seus membros, indo da cabeça até suas pernas, e juntando-se ao cansaço, impediu que o garoto se levantasse e recomeçasse sua fuga. Entretanto, não haveria tempo para tanto. Em poucos segundos, seu algoz surgiu no seu campo de visão, agora embaçado devido à pancada que recebera. Mas mesmo assim podia ver seu olhar vitorioso, seus dentes tortos e sua pele suja.

- Finalmente te peguei, moleque! - esbravejou o caçador, e a saliva que ele cuspiu junto às palavras molharam a testa machucada da criança. - Por acaso pensou mesmo que poderia fugir de mim? Olhe para você...

Os olhos do caçador percorreram o corpo trêmulo do garoto. Rugas surgiram ao redor dos olhos do homem quando este sorriu ao perceber que o que a criança sentia ultrapassava o medo: era terror. O corpo pequeno e magro do garoto não conseguia obedecer às ordens de seu cérebro, que, aflito, implorava para que ele voltasse à correr e salvar sua vida. Mas ele não conseguia. Iria morrer ali mesmo.

- ... Está se tremendo todo. Não se preocupe, vou te matar de forma rápida... Você quase não vai sentir dor alguma. Eu disse quase! - E riu, mostrando novamente aqueles dentes mal-cuidados.

Então o sangue escorreu pela sua testa. Não da criança, e sim do seu perseguidor. O líquido vermelho respingou no garoto que, mesmo caído no chão e cheio de dores, gritou. Gritou mais alto e forte do que nunca. De susto. De desespero. O caçador, por sua vez, demorou para perceber e entender o que havia acontecido. Olhou para a própria testa e viu que uma imensa flecha negra a havia perfurado. O sangue, que agora já manchava toda a sua face, vinha do buraco que a arma havia feito em seu crânio. O garoto, com os olhos escancarados de pavor e curiosidade, procurou pela origem do tiro, mas não avistou nada.

O homem não teve tempo de reagir. Seus olhos giraram nas órbitas, ele perdeu suas forças e foi ao chão, sem vida, fazendo seu pesado corpo cair sobre o garoto. Este, por sua vez, lutando contra as suas dores e, ao mesmo tempo, contra o fardo moribundo que lhe pressionava o peito, tentou se livrar de todo aquele peso. Usou toda a sua força restante para jogar o cadáver para o lado, aliviando assim seu mal-estar.

O garoto respirou fundo e, usando todas as energias que ainda lhe restavam, colocou-se de pé. Foi só então que ele se observou, lentamente. Seus braços e pernas estavam totalmente arranhados, possivelmente devido à esbarrões contra arbustos espinhosos dentro da floresta, e uma fina camada de sangue seco cobria alguns desses arranhões. Sua testa estava dolorida, e com a palma da mão, ele percebeu que um galo volumoso havia se formado no local da pancada com o galho. Ele olhou para o corpo do seu algoz, sem vida. Foi então que o desespero percorreu novamente seu corpo. Quem o havia alvejado com a flecha? Ele estaria em perigo?

O garoto foi tirado do seu transe por um barulho de passos, vindos das folhas secas próximo do local onde ele estava. Ele virou-se rapidamente em direção ao som, e todas as suas respostas, de repente, foram respondidas. Ali, diante dele, um homem imenso postava-se de pé, com o arco em riste e apontando uma flecha, exatamente como a anterior, para a sua testa machucada. Vestida o que, um dia, havia sido uma bela armadura. Agora, apenas algumas peças cobriam-lhe o corpo musculoso. Trazia preso ao cinto uma imensa espada de ferro e às costas, um aljava cheio de flechas.

O pior de tudo é o garoto conhecia aquele homem, que não parecia nem um pouco feliz em reencontra-lo. Sua face era séria, e a imensa cicatriz que lhe cortava todo o lado direito do rosto, do alto da testa até o queixo, dava-lhe uma expressão ainda mais severa – e selvagem.

- Hiel... – sussurrou o garoto, e todo o terror que ele sentiu antes, durante a fuga contra o caçador, agora, não significava mais nada. Seu corpo tremia. Suava como se o sol estivesse à pino, e ele, em meio à um deserto. Mas era noite.

- Olá Ravel – respondeu o homem, e sua voz era gutural. Ele deixou escapar um risinho pelo canto da boca, entortando o formato de sua imensa cicatriz. – Estive procurando você por toda a parte...

Mesmo suando, um frio imenso percorreu a espinha do garoto. Ele apalpou uma pequena bolsa de peles que carregava consigo, à procura do livro. Ele estava lá dentro, e parecia intacto. Trouxe a bolsa à frente e apertou-a com toda asua força contra o peito machucado. Era um ato instintivo de proteção, que foi captado por Hiel. Ainda apontando a flecha à Ravel, o guerreiro riu, e sua risada malévola ecoou por toda a floresta.
Fim #01

Sunday, June 27, 2010

Eu não tenho superpoderes, mas posso chutar a sua bunda!


Há anos diretores tentam transpor as histórias das mais famosas HQ's para as telas do cinema. Desde os anos 1970, com Superman - O Filme (1978), longa de Richard Donner e que trazia o saudoso Christopher Reeve na pele do Homem de Aço, o cinema encontrou nas famosas histórias em quadrinhos uma fonte quase inesgotável de personagens, roteiros, situações e possibilidades. Depois de Superman vieram Batman, Capitão América, Hulk, Homem-Aranha, Homem de Ferro, X-Men... Todos saídos das páginas das HQ's para as telas grandes. Mas, verdade seja dita, nenhum deles mostrou realmente a força que as histórias estáticas possuem, mesmo que um fime ou outro tenha se saído melhor.


"Kick Ass", que no Brasil ganhou o subtítulo "Quebrando Tudo" devido à sua tradução, digamos, pouco educada, chega para mudar esse paradigma. Ele é, de longe, um dos melhores filmes baseados em uma HQ já produzido até hoje (méritos ao diretor Matthew Vaughn), e é também uma das melhores estreias de 2010. Tudo no longa foi feito buscando um equilíbrio perfeito entre as cenas de ação e as de comédia, embora, num primeiro momento, ele possa parecer um filme repleto de esteriótipos - Dave Lizewski (Aaron Johnson) é o perfeito nerd que adora histórias em quadrinhos, sonha em ser como os personagens que lê e, de acordo com o próprio, tem o único poder de ser "invisível às garotas".


É a partir dessa revolta de Dave que o filme parte. Cansado de ser apenas mais um garoto no mundo, ele compra pela internet um uniforme verde e amarelo e sai pelas ruas em busca de se tornar um herói, como aqueles que ele tanto conhece das HQ's. "Grandes poderes trazem grandes responsabilidades", disse uma vez Tio Ben à um jovem Peter Parker. Dave conhecia muito bem essa frase, mas não a seguiu: na sua primeira empreitada heróica vai parar direto na UTI de um hospital. Mas Dave simplesmente não pode viver num mundo sem super heróis, e logo retorna à sua rotina - das 18h às 2h da madrugada e aos finais de semana -, de combate ao crime.


Por golpe do destino - e não de algum bandido mais forte do que ele -, Kick Ass é flagrado salvando um homem do espancamento. A partir daí, torna-se o queridinho da internet e, finalmente, alcança aquilo que tanto almeja: o reconhecimento da sociedade. Mas a fama traz consigo problemas ainda mais sérios, e se os super heróis das HQ's não existem de verdade, ele descobre que os vilões estão por toda parte: o jovem começa a ser perseguido pelo principal traficante da cidade, Frank D'Amico (Mark Strong), depois que, por engano, seu nome é envolvido na morte de seus subordinados.


Caçado dia e noite, Kick Ass conhece a elétrica Hit Girl (alter-ego de Mindy Macready, vivida pela ótima Chloe Moretz) e Big Daddy (codinome de Damon Macready, interpretado por Nicolas Cage). Hit Girl e Big Daddy combatem, silenciosos e sorrateiros, o crime e o tráfico de drogas na cidade. E mesmo não possuindo superpoderes, resolvem qualquer problema. Claro, eles não possuem o coração bondoso de Clark Kent, por exemplo, e matam qualquer um em seu caminho àsangue frio - e Kick Ass agradece por estarem no mesmo time, mesmo sendo essa uma opção criada contra a sua vontade.
Tudo isso é apenas a ponta do iceberg, e o filme se transforma de um longa muito mais sangrento e violento. Destaque para as cenas de luta de Hit Girl, uma garotinha de 12 anos treinada desde sempre para trucidar grandalhões com o triplo de sua altura. São cenas que remetem, querendo ou não, à filmes dirigidos por Quentim Tarantino, onde a violência, embora explícita, não é gratuíta, como "Pulp Fiction", "Kill Bill" e "Bastados Inglórios". Na verdade, há referências à todo tipo de material, digamos, mais geek: personagens como Batman, Homem-Aranha e até "Sin City - A Cidade do Pecado" permeiam os diálogos do longa.


Visualmente, o filme é um espetáculo. Desde efeitos visuais até a fotografia, tudo se encaixa perfeitamente. Novamente, destaco uma cena com participação intensa de Hit Girl, já mais na parte final do longa: o diretor se utiliza de um jogo de luzes e câmera lenta de uma maneira tão magistral que é impossível não assistir à sequência sem ficar com a boca aberta. Aproveitando a deixa, as atuações estão ótimas. Desde Aaron Johnson, o protagonista, até Mark Strong, a mente criminosa da história, todos seguram com determinação seus papéis. Aaron é um dos destaques, com seu heroi desengonçado. Mas impossível não falar da pequena Chloe Moretz - a Hit Girl -, e sua atuação fora do normal (de tão boa).


Unindo um roteiro surpreendente e muito bem conduzido, com um visual caprichadíssimo e atuações de primeiro nível, "Kick Ass - Quebrando Tudo" é indicado não só para quem é fã de histórias em quadrinhos (seja ela qual for), como também para quem procura um filme de ação bem feito e cheio de humor. Claro, os geeks de plantão vão se deliciar com todo o universo que o longa cria, mas o fime vai mais além e transforma esteriótipos: os nerds de hoje já não são mais como os de antigamente, e pelo menos em Kick Ass, deixaram de ser apenas leitores e tornaram-se os verdadeiros heróis da história.

5/5




Saturday, June 19, 2010

Um punhado de areia muda tudo...


O que você faria se pudesse voltar no tempo? Faria alguma coisa de diferente em sua vida? Diria algo que ficou entalado na garganta, e na hora "H", não foi dito? Ou repetiria toda a sua vida novamente, sem nenhuma alteração? São com questionamentos desse tipo que o Príncipe Dastan, de "O Príncipe da Pérsia: As Areias do Tempo" (Prince of Persia: The Sands of Time, no original), longa-metragem da Disney baseado no game de mesmo nome lançado em 2003 pela Ubisoft, se depara. Muito mais do que isso: as ações do príncipe podem repercutir no futuro, a curto prazo, de todo o poderoso reino da Pérsia, objeto de desejo de tiranos que estão mais próximos dele do que ele pode imaginar.

Após ser adotado pelo King Sharaman (Ronald Pickup), o jovem Dastan (Jake Gyllenhaal) torna-se um exímio guerreiro persa. Toda sua habilidade é posta à prova num ataque à cidade sagrada de Alamut, que estaria vendendo poderosas armas à exércitos inimigos. Ao lado dos irmãos Tsu (Richard Coyle), Garsiv (Toby Kebbell) e do tio Nizan (Ben Kingsley), Dastan consegue invadir a cidade. Uma vez lá dentro, os invasores conhecem Tamina (Gemma Arterton), princesa da cidade sagrada, que pede aos guardas que protejam um artefato místico: a Adaga do Tempo. A arma acaba indo parar nas mãos de Dastan, que desconhece seu poder.

No retorno à seu reino, Dastan é recebido com festa e presenteia seu pai, King Sharaman, com um manto sagrado. Porém, o manto está envenenado e acaba matando seu pai. Dastan, então, descobre que tudo havia sido uma armação, possivelmente de seu, o Príncipe Tsu, que queria assumir o trono de qualquer maneira. Visto como assassino do rei, Dastan é perseguido pelos guardas persas, e ao lado da princesa Tamina, levada até o rei, precisa fugir e, ao mesmo tempo, provar que é inocente.

Esta é apenas a introdução da história do filme. O enredo sofre severas alterações, e os verdadeiros vilões apenas são conhecidos na parte final do longa - além, é claro, dos seus interesses para com a Adaga do Tempo, arma oferecida, de acordo com as lendas, pelos próprios deuses. É durante a fuga de seu próprio reino que Dastan descobre o poder da adaga e das Areias, "combustível" da arma: ela permite que seu possuidor volte no tempo, podendo assim, alterá-lo ao seu bel prazer.

Com tudo isso já esclarecido, prepare-se para assistir à um filme de visual primoroso. O diretor Mike Newell resolveu por abandonar, em partes, a magia (já que foi diretor do quarto filme do bruxo Harry Potter, "O Cálice de Fogo") e apresenta aos espectadores um filme onde a magia está presente, mas de uma maneira muito mais subliminar e tímida: só é percebida quando Dastan se utiliza das Areias do Tempo em meio ao mar de areia do império Persa. Leva do às telas pela mesma equipe da trilogia "Piratas do Caribe", fica perceptível que a Disney aposta na saga "Príncipe da Pérsia" - sim, digo saga pois o game é uma trilogia, e nada impede da empresa apostar em mais dois filmes -, como um "substituto" para a série dos piratas fanfarrões, enquanto este não ganha uma nova produção.

Tudo o que os filme de Jack Sparrow e companhia possuem, "Príncipe da Pérsia" mantém: belos cenários, cenas de ação movimentadas, um bom humor na medida certa e, claro, belas mulheres. à tudo isso juntam-se ótimas atuações, como o próprio Jake na pele de Dastan, ou então de Ben Kingsley como o tio invejoso Nisan e o incrível Alfred Molina, que está ótimo como o Sheik Amar (de longe, um dos personagens mais engraçados do longa).

Comparações

Quando "Príncipe da Pérsia" foi anunciado, um sentimento percorreu todo o universo dos fãs da saga: o que esperar do filme? Infelizmente, adaptações de games para as telas do cinema costumam não dar muito certo (vide os horríveis Mario Bros., Dead or Alive, Street Fighter, entre tantos outros), e salvo raras exceções (como Silent Hill), não são tão massacrados pela crítica e principalmente pelos jogadores. "Príncipe da Pérsia" está longe de ser uma péssima adaptação, muito pelo contrário.

Tudo o que fez sucesso no game, está presente no longa: as batalhas, as acrobacias, os inimigos e até mesmo o figurino. Outros detalhes do longa vão passar despercebidos pelos espectadores, mas os fãs vão gostar de ver o "Eagle Eye", que são cenas que mostram, de ângulos diferenciados, as missões que Dastan deve realizar. No game, essas cenas são frequentes. No filme, também estão presentes. Isso tudo mostra que a Disney se importou em fazer um bom longa, mas com a sua cara.

É claro que nem tudo são flores e as críticas existem. A maior parte por causa do roteiro, que embora seja bem construído e com um ritmo interessante, deixa a desejar e torna-se bastante previsível.

Enfim, "O Príncipe da Pérsia: As Areias do Tempo" tem tudo para agradar o público de um modo geral. Com belas cenas, um roteiro simples, mas bem construído, ótimas atuações e a promessa de uma continuação ainda melhor - não estranhe se logo for anunciado "Prince of Persia: Warrior Within", o longa é pedida perfeita para um dia em que o espectador busque se divertir com uma produção bem realizada para todas as idades.



Friday, June 18, 2010

Times em campo, equipes vencedoras!


Terça-feira, 15 de junho de 2010. Enquanto todo o Brasil se preparava para assistir à estreia da seleção brasileira na Copa da África do Sul, contra a fraca seleção da Coreia do Norte, uma outra seleção entrava em campo, bem longe dali, em Los Angeles, nos Estados Unidos. Não, não era um time pentacampeão do mundo, nem mesmo possuía 11 jogadores, mas era um dos grupos mais aguardados do dia e eram apenas três os nomes que o mundo todo esperava impacientemente: Satoru Iwata, Reggie Fils-Aime e o mestre Shigeru Myiamoto, os principais nomes da Nintendo, gigante da indústria dos videogames.

Enquanto o Brasil arruma as chuteiras para entrar em campo no Estádio Ellis Park, em Johanesburgo, o time da Nintendo já marcava gols na E3 (Electronic Entertainment Expo), a principal feira relacionada à games de todo o mundo. E o primeiro desses gols foi marcado logo no início da conferência da empresa, quando Myiamoto, o gênio dos games e pai de séries como Mario Bros. e The Legend of Zelda, anunciou o novo jogo da saga para o Nintendo Wii. O público presente ficou sem ar ao assistir, pela primeira vez, cenas do inédito "The Legend of Zelda: Skyward Sword". Imagine um gol do Brasil contra a Argentina... Foi mais ou menos essa a reação dos presentes.

Mas esse foi apenas um de tantos gols realizados pela Nintendo nessa E3. Enquanto o Brasil sofria para derrotar os coreanos, a gigante japonesa dava uma goleada nas concorrentes Sony e Microsoft, mostrando games de qualidade e que prometem fazer a cabeça dos jogadores nos próximos anos. Exemplos não faltam. "Metroid: Other M" mostra, pela primeira vez, o lado sombrio da heroina Samus Aran; "Donkey Kong Country Returns" revisita o clássico game lançado para o SNES (aqui, o querido Super Nintendo) e coloca Donkey Kong novamente numa aventura acompanhado do seu fiel escudeiro, Diddy; "Kirby Epic Yarn" revoluciona a série da bolota rosada e mostra que, para ser belo, um jogo não precisa ser ultra-realista; "Epic Mickey", por sua vez, mostra o ratinho da Disney num mundo sombrio, habitado pelos personagens secundários do estúdio.

Mas o gol mais bonito do trio ainda estava por vir. Quando Satoru Iwata sobe ao palco e apresenta "Kid Icarus Uprising", a plateia vai ao delírio. Mas esse sentimento explode de verdade quando ele exibe, pela primeira vez, aquele que promete ser o videogame portátil mais revolucionário da história: o Nintendo 3DS, capaz de reproduzir imagens em 3D sem a necessidade de nenhum tipo de acessório - como aqueles óculos escuros, por exemplo, dos cinemas em três dimensões. Com gráficos muito acima dos vistos hoje em dia no atual Nintendo DS - ou até mesmo no Wii, o 3DS chamou atenção até mesmo da concorrência também pela lista de games no lançamento: Sonic, Resident Evil, Metal Gear Solid, Mario Kart, Kingdom Hearts e os inesquecíveis "Star Fox 64" e "The Legend of Zelda: Ocarina of Time", que serão relançados no console.

Como o próprio Reggie citou no início da conferência da Nintendo, "Tecnologia é apenas uma ferramenta". E se há uma empresa que sabe utilizar de maneira magistral toda a tecnologia atual em benefício dos games, e principalmente, em benefício à diversão dos jogadores, essa empresa é a Nintendo. "Não basta apenas tecnologia", continua Reggie, "é necessário ter um bom designer nos games. É um encontro perfeito". E quem assistiu à conferência e presenciou os games divulgados, pode perceber que esse pensamento foi levado muito à sério pela Nintendo nessa E3, que já entra para a história como uma das melhores para a empresa.

Monday, June 14, 2010

Grafite: um modo de expressão!

Confira a matéria especial sobre a cultura do grafite, realizada por Bruna Azevedo e Danilo Reenlsober para o programa Espelho Urbano, da PUC-Campinas!


Monday, June 7, 2010

Locomotiva à vapor

"Passeio Turístico - Maria Fumaça à 300 mts". A placa que indicava o caminho que eu deveria seguir acabou mostrando-se totalmente desnecessária. Ali, logo depois de uma curva leve à esquerda, a estação Anhumas já estava repleta de gente. Famílias inteiras chegavam, estacionavam seus carros e corriam comprar suas passagens, um pouco "salgadas" demais para a maioria das pessoas: o passeio custava R$ 50,00. Mesmo o alto valor não impediu que uma centena de pessoas se amontoasse à beira da estação quando o relógio marcou 10 horas. Dali a qualquer momento, o trem chegaria.

A Maria Fumaça chegou poucos minutos depois, enquanto o guia dava explicações à todos que, em breve, subiriam à bordo da locomotiva à vapor mais famosa do Brasil. Não é um erro afirmar que poucos prestavam atenção às suas palavras. O som do apito do trem, que se movia lentamente em direção à estação, não era um concorrente leal à sua voz. Os carros foram passando próximos aos futuros passageiros e o som do rotor, embora alto o suficiente para incomodar os mais desavisados, soavam como música para todos ali parados.

Olhei para a passagem que trazia na minha mão. Poltrona 12, carro 3. Em meio à multidão, protegendo a minha câmera fotográfica, caminhei até o meu destino. Essa câmera, na verdade, era o motivo de eu estar ali, diante de uma locomotiva de vários séculos atrás. Talvez, se não tivesse de estar ali para um trabalho da faculdade, nunca tivesse a oportunidade de conhecer a Maria Fumaça. Esse é um dos lados bons da faculdade: ter a chence de conhecer coisas que, se não fosse ali, passariam despercebidas.

Nessa altura do campeonato, o display da câmera já registrava umas 50 fotos tiradas, entre o momento da minha chegada à estação e a chegada da locomotiva em si. Esse número só aumentou. Chegou à mais de 460 no final do trajeto. Com a locomotiva totalmente parada, o guia pediu para que cada um assumisse sua poltrona. Em todos os carros, poucas ficaram vazias. Quando o trem partiu e soltou sua primeira baforada de vapor, fazendo o apito soar alto, a agitação dentro dos carros foi total. Pelo que parecia, a maioria da pessoas jamais havia estado em um trem à vapor antes, principalmente as crianças. Não posso negar: eu era uma dessas pessoas. Engraçado, havia visto coisas desse tipo apenas na TV, em novelas de época. De repente, eu mesmo estava ali. Foi como uma viagem no tempo, mas que durou pouco tempo. Muito pouco na verdade.


Logo na primeira curva, ao olhar pela janela, os barracos da favela erguiam-se diante dos turistas, que em sua maioria, sequer deram atenção à eles. Logo ficaram para trás e deram lugar à imensos pastos. A baixa velocidade do veículo, que percorreria apenas 24 quilômetros até seu destino (Jaguariúna), fazia com que essas paisagens demorassem à passar. Quando isso acontecia, lá estava uma fazenda de um barão do café ou uma pequena estação ferroviária. Depois, mais pasto. Mais canavial.

O cenário era quase sempre o mesmo, mas mesmo assim a magia que a Maria Fumaça lançava sobre cada um fazia com que nem mesmo as crianças parecessem incomodadas. Muito pelo contrário: todas pareciam eufóricas... Jaguariúna chegou, e com ela, o final da metade do nosso trajeto. Uma parada rápida para o almoço, já que dali poucos minutos seguiríamos de volta à Campinas... Mas isso já é assunto para um outro post...
Se você quiser ver mais fotos da viagem, acesse meu álbum no Flickr: www.flickr.com/photos/reenlsober