Thursday, January 20, 2011

“Enrolados”: Rapunzel joga suas tranças num filme com a qualidade Disney

Esqueça tudo o que você sabe sobre Princesas. Esqueça “Branca de Neve” e sua eterna espera por um beijo numa redoma de vidro no meio da floresta; faça de conta que nunca conheceu “Cinderela” e seu sapatinho de cristal ou tantas outras. “Enrolados”, 50º animação dos estúdios Disney, lançado no começo de janeiro, é uma releitura do conto de fadas “Rapunzel” e traz novidades tanto à história original, quanto ao padrão das Princesas Disney, que já não são tão passivas, como antigamente.


O filme mostra uma mescla perfeita entre humor, aventura, romance e um toque musical já característico nesse tipo de produção. Mas não se deixe enganar: “Enrolados” é um filme de princesa que não parece filme de princesa. É a típica produção que vai agradar a todos os públicos. As meninas vão gostar da protagonista, Rapunzel, e de sua história de amor. Já os moleques vão curtir o ladrão Flynn Rider e as cenas de humor e aventura. Tudo foi meticulosamente pensado para que ninguém saia do cinema torcendo o nariz. Até mesmo as sequências musicais são animadas e bem produzidas.

A história, como eu disse, segue o roteiro do conto original, mas com várias mudanças. Rapunzel é uma garota prestes há completar 18 anos que vive presa numa torre alta desde que nasceu. Na verdade, ela é a princesa desaparecida do reino que tem cabelos com poderes de cura e de rejuvenescimento, porém, que não pode ser cortado. Por isso ela é mantida em cárcere. Seu único amigo é Pascal, um camaleão cheio de atitude. Mas tudo muda quando ela conhece o ladrão Flynn Rider.

Diferente das princesas anteriores d Disney, Rapunzel não está nem um pouco a fim de encontrar seu Príncipe Encantado. Ela só quer sair da torre na qual vive. Ela também é uma garota cheia de atitude e rebeldia, o que caracteriza muito bem a sua idade: ela bate de frente com a mãe, tem crises de choro e de alegria e fica em dúvidas quanto aos seus sentimentos. Já Flynn é um cara nem um pouco confiável. De príncipe, ele não tem nada: é um ladrão pé-rapado que só quer saber de se dar bem.



Mas, como todos sabem, a Disney é muito boa no que faz. E se tem uma coisa que ela faz muito bem, além de seus personagens principais, são os personagens secundários, de apoio. Em “Enrolados”, não tenho receio de dizer que eles são os responsáveis pelas cenas mais engraçadas do longa. Maximus, o cavalo, mais parece um cão de caça e é cheio de caras e bocas. Tem também Pascal. Mas, de longe, a trupe de Bárbaros do bar “Patinho Fofinho” é responsável pelas cenas que mais arrancam gargalhadas dos espectadores, em todas as suas aparições. Destaque para o bárbaro-anão-cupido-bêbado. Impossível não ter um ataque de risos.



Saindo os personagens, entra a parte técnica do longa, que é uma pura “falta de sacanagem” por parte da Disney. O visual de “Enrolados” é um primor. Cada detalhe é de uma qualidade estupenda. A floresta é belíssima e a cena das lanternas é uma das coisas mais lindas que eu já vi numa animação. A trilha sonora também é muito bem conduzida, e as cenas musicais (quando os personagens cantam “uma linda canção”), são curtas e bem conduzidas. Por isso, se você não gosta desse tipo de coisa, em “Enrolados” o problema é minimizado.

Porém, não dá pra fazer uma crítica ao filme sem falar de uma coisa que irrita, e muito, durante toda a projeção: a dublagem. “Uma” dublagem em especial. A de Flynn Rider, que é vergonhosamente conduzida por Luciano Huck. É fácil, fácil a pior parte do filme. A dublagem d apresentador é péssima, sem emoção. Fico me perguntando quem foi o gênio que o convidou para tal participação e por que (acho que é por causa do problema do nariz de Flynn em seus cartazes de procurado, sempre tortos e mal feitos). Mas vamos ver o lado bom: pelo menos não chamaram a Angélica para dublar Rapunzel.

Enfim, com tantos pontos positivos, esse (grande) detalhe da horrível dublagem de Luciano Huck até pode ser minimizado (você acaba se acostumando depois da primeira meia hora de projeção). O longa é impecável no que se propõe: mostrar uma história cheia de romance e aventura, com pitadas de comédia. “Enrolados” mostra que as princesas da Disney ainda tem muita lenha para queimar nos cinemas, e que não são mais como antigamente. Agora elas são perigosamente destemidas e armadas. Com frigideiras.

PS: Crítica baseada na versão 2D do filme;

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