Saturday, July 17, 2010

Para o infinito e além, pela última vez!


Pipoca espalhada pelo chão. Sala de cinema lotada por crianças, pais, mães, avós, adolescentes e crianças de colo - que insistiam em chorar de maneira bem aguda, causando um certo desconforto no restante dos espectadores. Foi numa sessão nem um pouco convidativa que eu pude assistir ao mais recente trabalho da Pixar: "Toy Story 3". E já aproveito para confessar aqui, logo no começo do texto: nunca fui fã de Woody, Buzz e compania limitada. Tanto que assisti, apenas, ao primeiro longa da série. O segundo ainda está nos meus planos. Mas a Pixar se preocupou em tantos detalhes que até mesmo pessoas que, como eu, não conhecem à fundo a franquia vão se divertir - e se emocionar.

"Toy Story 3" fecha, em grande estilo, permita-me já acrescentar, a trilogia de filmes dos brinquedos vivos. Ele se passa muitos anos após os anteriores e mostra Andy - depois de uma sequência inicial muito divertida e empolgante, diga-se de passagem, já crescido e prestes à mudar-se para a Universidade. Pois é, seu mundo está mudando, e nele, parece não haver espaço para os antigos amigos de plástico, que a todo momento tentam chamar sua atenção - o que pode parecer estranho, já que a atitude vem de um bando de bonecos. O fato é que Andy têm olhos apenas para Woody, o "sortudo" escolhido à ir para a caixa das coisas escolhidas para a "Universidade", enquanto o restante terá como destino o "Sotão".

Mas, vamos combinar, o destino desses brinquedos não é um dos mais afortunados. Depois de uma confusão, o xerife Woody, o astronauta Buzz, a vaqueira Jessie, o tiranossauro Rex, o cachorro-mola Slinky, Hamm (o porquinho), os Aliens, os engraçadíssimos Sr. e Sra. Cabeça e Batata e até mesmo a Barbie (!) acabam indo parar na creche Sunnyside, lar de centenas de brinquedos doados pelos seus antigos donos. Lá, eles conhecem o fofinho, adorável, mas não tão bonzinho Lotso, um ursão-felpudo-cor-de-rosa. Mas logo eles descobrem que o lugar não é tão maravilhoso quanto Lotso afirma.

Com "Toy Story 3", o modo Pixar de se fazer cinema fica quase tangível: aproveitar-se da animação para tratar de assuntos sérios - a força da amizade, no caso deste em especial - de maneira muito particular . Na verdade, enquanto muitas pessoas apostam que filmes de animação são totalmente direcionados ao público infantil, o estúdio mostra, com muita competência, que esses filmes podem, sim, ser feitos para os adultos também. E não é de hoje. "Procurando Nemo", "Ratattouille", "Wall-E" e "Up - Altas Aventuras" são longas que, embora as crianças adorem, foram feitos para um público mais crescido.

Incrível também é a beleza, cada vez maior e melhor, das cenas presentes nos filmes da Pixar. Juro que depois de "Wall-E", com suas cenas lindíssimas e praticamente mudas, eu não iria me surpreender com mais nada. Mas "Toy Story 3" me presenteou com sequencias belíssimas. Uma das mais bonitas, por exemplo, acontece quando a história de Lotso é contada, revelando então partes importantes do enredo. A tecnologia usada e a beleza da fotografia impressionam. A sutileza com a qual o filme se desenrola, mostrando um ótimo roteiro e muito, mas muito bem elaborado, é de fazer inveja.

Isso tudo fora os incríveis personagens, desde os já famosos na série, até os mais recentes. Entre os destaques, claro, estão Lotso, o "manda-chuva" dos brinquedos na creche Sunnyside, o Bebezão, uma boneca dessas que imitam um bebê de verdade (ambos abandonados pela mesma dona) e, por incrível que pareça, Ken, o eterno namoradinho da Barbie. De longe um dos personagens que roubam a cena no novo filme, o "pedaço de plástico metrossexual" é garantia de boas risadas em praticamente todas as cenas da animação. E se o assunto é diversão, poucos personagens são tão engraçados quanto o casal Sr. e Sra. Cabeça de Batata. Desbocados, estressados e do tipo que não levam desaforo para casa, a união dos dois garante altas gargalhadas.

Por todos esses motivos, se a sessão estava barulhenta antes do filme começar - com a criançada falando alto e bebês chorando, quando o filme chega à seu clímax, nenhum sussurro era ouvido por toda a sala. Todo mundo prestando atenção nas cenas mais emocionantes da série e deixando escapar algumas lágrimas ao final do longa. E, novamente, palmas para a Pixar por fazer um filme ser engraçado e emocionante ao mesmo tempo, sem cair em clichês e situações extremamente forçadas.

Com "Toy Story 3", a Pixar dá uma bela aula de como fazer um ótimo filme de animação para toda a família. As crianças vão gostar das cenas de comédia, os jovens vão aprender a importância da amizade e os mais experientes, que já deixaram de brincar com seus brinquedos há tanto tempo, vão sentir saudades das tardes que passaram com seus astronautas, dinossauros ou telefones de plástico. É aquela velha história: nostalgia, quando em doses homeopáticas, faz bem à saúde. Assisir "Toy Story 3", também.


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