Monday, February 7, 2011

O belo, dramático e psicótico ballet do “Cisne Negro”

Muito antes de “Cisne Negro”, o novo filme de Darren Aronofsky (de “O Lutador”, de 2008), que estreou nesta sexta-feira, dia 04, ser indicado à cinco estatuetas no Oscar 2011 (melhor filme, melhor diretor, melhor atriz, melhor fotografia e melhor edição), ele já era uma das estréias que eu mais esperava para esse ano, que promete ser ótimo para os cinéfilos de plantão. A junção de um ótimo diretor com um elenco de primeira não tinha como resultar em um filme meia boca. E eu não me enganei: em todos os seus 103 minutos de duração, “Cisne Negro” não decepciona, apresentando atuações incríveis, um roteiro impecável e uma fotografia e trilha estupendas.



A trama, basicamente um drama, tem ramificações que a levam ao terror e ao suspense psicológico, com braços que chegam um tanto aos musicais. Nina (a indescritível Natalie Portman), é a escolhida por Thomas (Vincent Cassel), dono de uma companhia de ballet, para substituir Beth (Wynona Rider), uma experiente dançarina, na nova montagem de “A Lagoa dos Cisnes”. Na peça, Nina precisa interpretar tanto o Cisne Branco, cheio de graça e inocência, quanto o Cisne Negro, irmão gêmeo cheio de inveja e sensualidade.

Nina é perfeita para o papel de Cisne Branco. Ela própria é uma jovem meiga e esforçada, e transcende essas características em sua dança. Mas Thomas duvida de seu potencial quanto ao Cisne Negro, um personagem forte, sexy, cheio de inveja. Eis que surge Lily (Mila Kunis), uma nova dançarina que parece ser o oposto perfeito de Nina e quer, também, ser a protagonista da peça. A partir daí, Nina passa a buscar “ser perfeita”, tanto para um papel, quanto para o outro. Porém, a pressão da estréia e do papel começam a fazer com que Nina se sinta atormentada e perseguida. Assim, dentro da cabeça da dançarina, as coisas parecem não ser exatamente como são.

É com esse enredo que Natalie Portman mostra uma atuação impecável. E com essa mesma atuação é que a atriz venceu o Globo de Ouro e é uma das preferidas para o Oscar deste ano. Não é para menos: ao mesmo tempo em que se mostra uma garota sensível em boa parte do filme, ela também mostra um tom dramático bastante forte quando lhe é necessário. As boas atuações continuam com Vincent Cassel e Mila Kunis, além da sempre incrível Wynona Ryder. Porém, não há como negar que esse é “o” filme de Natalie Portman: ela nunca esteve tão bem.





“Cisne Negro” abusa dos contrapontos. Mostra a batalha eterna do meigo, do suave, na pele de Nina e nas penas do Cisne Branco, contra a insolência, a sensualidade com Lily e o extravagante Cisne Negro. Evidencia a beleza e a sutileza dos detalhes, dos mínimos detalhes, ao mesmo tempo em que mostra a força e o choque de momentos tensos. E o longa é uma sucessão de momentos belos, tensos, dramáticos e assustadores que mostram, novamente, que Darren usou de forma magistral esses contrapontos.

O diretor também se utiliza, em várias sequências, de câmeras de mão. E são elas as responsáveis pelas cenas mais belas de todo o filme, como por exemplo, as danças nos ensaios de Nina. Porém, a (bela) fotografia do filme não se resume à esses momentos. Não há uma só parte do longa em que a câmera esteja em lugar errado: tudo foi meticulosamente encaixado. As cenas de dança são, de longe, as mais belas – destaque para a cena inicial e a final. A trilha sonora, por sua vez, acompanha os clássicos da música clássica,e, mais uma vez utilizando-se do contraponto, o que poderia ser utilizado para acalmar, deixar a produção mais leve, é usado para criar um ambiente ainda mais tenso e nervoso.

É por essas e outras que “Cisne Negro” não surge como um azarão no Oscar 2011: não duvide da qualidade desse drama com boas pitadas de um suspense psicótico. Ele tem tudo o que um grande filme precisa para vencer a premiação. Também não duvide das chances de Natalie Portman levar o prêmio. Ela já mostrou e evidencia nessa produção que é muito mais do que um rosto bonito nos cinemas: mesmo você, que na entende nada de ballet, vai notar a transformação de Nina durante o filme. Eu garanto.




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