Wednesday, October 6, 2010

"Tropa de Elite 2": um dos melhores filmes do cinema nacional dos últimos tempos


Não há como negar que Tropa de Elite 2, continuação de um dos filmes mais polêmicos dos últimos tempos no cinema nacional, é um dos longas mais aguardados do ano. Ainda mais depois de comentários do próprio diretor, José Padilha, e do astro-mor do filme, Wagner Moura, afirmando que Tropa de Elite 2 é ainda melhor do que o primeiro. Ai você me pergunta: será que uma continuação pode superar o filme original? É difícil chegar a uma conclusão, já que ambos têm temáticas diferentes. Mas pelo menos na história do Capitão Nascimento e do BOPE, a resposta é sim. A pré-estréia aconteceu nesta terça, em Paulínia (SP), e o filme chega aos cinemas nesta sexta-feira, dia 08.

O segundo filme se passa 10 anos após os acontecimentos do primeiro e mostra um Nascimento (Wagner Moura), ainda mais carrancudo e envolto em seus próprios fantasmas. Depois de uma operação que dá errado do BOPE, no presídio de segurança máxima Bangu I, no Rio de Janeiro, o ex-capitão e agora Coronel, comandante-geral do esquadrão, acaba sendo expulso da corporação. Porém, a polícia prefere mantê-lo por perto, e lhe entrega o cargo de Sub-Secretário de Inteligência.

No seu novo cargo, Nascimento faz o BOPE crescer, tanto em número de membros, quanto em atuação. Novas armas são adquiridas, e o esquadrão tem muito mais força agora, para enfrentar o tráfico. Porém, o ex-coronel não se dá conta de que, ao fortalecer o BOPE, também está ajudando inimigos muito maiores e mais perigosos: a própria polícia carioca e políticos corruptos, todos com uma vontade em comum, que é a de acabar, de vez, com Nascimento.

O roteiro, assinado por Bráulio Mantovani (parceiro do diretor no primeiro longa) e também por Padilha, é, de longe, a melhor parte do filme. Denso, complexo, muito bem construído e cheio de reviravoltas. E, ao que parece, ambos resolveram deixar os bordões de lado (tem um aqui e outro ali, mas nenhum tão forte) e focarem na história. Nada de Pede pra sair, e frases de efeito desse tipo, só um Missão dada é missão cumprida. Tudo está mais denso, o que mostra que esse filme é muito mais maduro e evoluído do que o primeiro. A dupla também utiliza da ficção para levar às telas fatos que acontecem no sistema de segurança, como rebeliões em prisões, grampos telefônicos e CPIs que dão em pizza.

Se o roteiro evoluiu, e muito, em comparação ao primeiro filme, o mesmo pode ser aplicado à fotografia. Por todo o filme, cenas belíssimas e bem construídas fazem o espectador babar, mesmo elas sendo de favelas, que convenhamos, não são um colírio aos olhos. Algumas merecem destaque, como a cena na qual um grupo de crianças joga futebol, despreocupadas, num campinho poeirento e são surpreendidas pelo helicóptero do BOPE (lembra que eles estão bem mais equipados, agora?), ou então um plano geral da Esplanada dos Ministérios, em Brasília, já no final do filme. São todas imagens simples, mas que acabam tornando-se muito bonitas, devido à ótima fotografia (méritos de Lula Carvalho).

Outro ponto que merece destaque, claro, são as atuações. O ótimo Wagner Moura encarna com muita competência o Coronel Nascimento, agora mais velho e tão nervoso quanto no filme anterior. Incrível como o ator se entrega ao personagem, e é isso que o faz ser tão querido entre os brasileiros. O restante do elenco não fica atrás. Irandhir Santos vive Fraga, um membro dos Direitos Humanos que é eleito Deputado Estadual e luta contra a violência nos morros, enquanto André Ramiro volta ao papel de Mathias, agora capitão do BOPE.

O fato é que Tropa de Elite 2 tem muito mais pontos fortes do que fracos. Entre os negativos, os fãs do primeiro filme podem achar esse filme político demais, sem as grandes perseguições e ataques do primeiro, embora essas cenas estejam bastantes presentes no longa. O que não deixa de ser uma verdade. Porém, foi uma decisão para deixar o filme muito mais maduro, e ao que parece, José Padilha acertou no rumo que deu à sua produção.

Tropa de Elite 2 é um dos melhores filmes brasileiros à chegar aos cinemas nos últimos anos. Se vai repetir o sucesso do primeiro, se vai arrebentar na bilheteria, se vai angariar ainda mais fãs para o já adorado Nascimento (aplaudido pela platéia da pré-estréia em um certo momento, ao surrar a cara de um político), não dá para saber. Mas a verdade é que, se tudo isso acontecer, não será por sorte, e sim, por merecimento.


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