Monday, December 20, 2010

"Tron: O Legado" é tentativa falha de reviver série


Estreou neste final de semana uma das grandes promessas para o fnal do ano nos cinemas. "Tron: O Legado" (Tron Legacy, no original), é a tentativa da Disney em fazer um revival de um clássico dos anos 1980, trazendo-o para a contemporaneidade para fazer dele uma nova (e quem sabe), rentável franquia. Porém, diretor e produtores parecem ter errado a mão. São tantas referências à outros filmes (muito mais clássicos do que "Tron"), que o longa sci-fi da Disney acaba pecando pela falta de originalidade. Se a ideia era criar uma nova saga, a empresa errou.

"Tron: O Legado" me surpreendeu por vários motivos. Gostaria que eles fossem positivos, mas infelizmente, a maioria é negativa. A Disney, muito esperta, resolveu colocar sua nova ficção científica numa das épocas mais rentáveis do ano para o cinema (o Natal), mas isso não evitou o que nenhuma empresa gosta de ver: salas vazias, inclusive no Brasil. Lá na terra do "Tio Sam", o filme acumulou cerca de US$ 43,6 no seu primeiro final de semana - pouco, perto do esperado pela Disney (US$ 70 milhões). Mundialmente, o filme conseguiu US$ 66,6 milhões.

Essas salas vazias talvez sejam explicadas pelo recebimento do longa ao redor do mundo. Críticos "desceram a lenha" na produção, afirmando que muito foi investido em visual, mas o mesmo não pode ser dito do roteiro. E realmente, isso fica explícito no decorrer do longa. Com uma história simples, mas que tem a pretenção de ser complexa, alguns diálogos surjem aparentemente "jogados" nas cenas, em meio à um visual primoroso.

Esse, por sinal, é um dos destaques do longa. Com certeza, é o mais belo atualmente em cartaz, ainda mais bonito do que "As Crônicas de Nárnia: A Viagem do Peregrino da Alvorada", uma produção com visual caprichado. "Tron: O Legado" conta, inclusive, com uma versão digital - e jovem - de Jeff Bridges. Os mais desatenciosos, não tenha dúvida, sequer vão perceber que se trata de um rosto criado por computação gráfica (ou seja, totalmente no computador), tamanho a qualidade dos efeitos. Cenários também seguem esse padrão, assim como os figurinos (que são estupendos).


Outro ponto que merece ser lembrado de maneira positiva é a trilha sonora. Com uma mescla do melho do "beat" dos anos 1980, com o que há de mais moderno na música eletrônica, não estranhe se você bater seu pé no ritmo da música na cena da boate, por exemplo. A banda Daft Punk também não decepciona. Assista e você vai entender.

Porém, os lados bons da produção param por ai. Como já dito, "Tron: O Legado" tem um roteiro mal construído e diálogos pobres. Na trama, Sam Flynn (Owen Best), é (só pra variar), um rebelde sem causa que vai se tornar um salvador. Ele busca informações de seu pai, Kevin Flynn (Jeff Bridges), criador do game "Tron", que desapareceu há anos. Seguindo pistas deixadas por ele, Sam acaba "entrando" no mundo paralelo e vitual de "Tron", onde precisa encontrar seu pai e salvar sua própria pele.

Ai entram novos pontos negativos. Essa história de mundo virtual já foi nos apresentado à exaustão. Isso até era novidade no primeiro "Tron", de 1982, mas hoje em dia beira o clichê. Ainda mais depois que a saga "Matrix" tratou desse assunto de maneiro tão profunda. Você ainda vai encontrar referências à "Star Wars" aqui e acolá, como em algumas cenas de naves e outras onde Sam usa uns capuzes onde, cá pra nós, fica parecendo um Jedi.

Agora, se o assunto é a atuação dos atores, nada que valha a pena comentar muito. Até mesmo Jeff Bridges, que venceu o Oscar no ano passado pela sua atuação em "Coração Louco" (Crazy Heart), parece salvar o filme. O mesmo vale para Owen Best, que não chama a atenção em nenhum momento.

Jogando tudo na balança, parece que "Tron: O Legado" foi inteiramente produzido para quem assistiu - e gostou - do seu antecessor, lá em 1982. Não é o meu caso, afinal, nunca vi tal filme. Mas dei uma chance por ser um tão falado revival. Fica a sensação de que faltou algo ao filme - e pelo final, acho difícil a Disney transformar esse filme em franquia.



No comments:

Post a Comment