Assistir à "As Crônicas de Nárnia: A Viagem do Peregrino da Alvorada", terceiro filme da série baseada nos livros de C. S. Lewis, foi uma experiência interessante. Eu estava em meio à um grupo de quatro pessoas, e dessas, apenas duas (eu e meu irmão), somos profundos conhecedores do reino narniano (lemos todos os livros e acompanhamos os filmes lançados anteriormente). Uma terceira pessoa nunca leu os livros, mas já assistiu "O Leão, A Feiticeira e o Guarda-Roupa" e "Príncipe Caspian", precursores deste longa. A quarta pessoa jamais leu os livros ou assistiu os demais filmes. Mas ao final da exibição, todos tinham a mesma opinião: o terceiro longa é bom, e atende todos os públicos.
Do meu ponto de vista, isso é bom. Ao mesmo tempo que "A Viagem do Peregrino da Alvorada", mesmo sendo o terceiro de uma série de filmes, não deixa brechas para dúvidas, mesmo fazendo referência aos filmes anteriores, ele também brinda os fãs mais ardorosos da franquia com detalhes que os demais não vão captar, como a citação de Jill Pole ao final da aventura, deixando claro que os produtores querem, e muito, continuar a saga com "A Cadeira de Prata", que na humilde opinião deste que vos escreve, é o melhor de todos os livros.
Claro, muita coisa remete aos filmes anteriores, como por exemplo, quando Lúcia (Georgie Henley) e Edmundo (Skandar Keynes), ao serem resgatados do mar por Caspian (agora Rei), questionam se ele os havia convocado. E ele responde que não (para quem não sabe, Pedro, Susana, Edmundo e Lúcia, no segundo filme, vão à Nárnia após um chamado de Caspian). São pequenas as referências, que não atrapalham, já que os fãs conhecem a história a fundo, e para os mais leigos, não chegam a atrapalhar.
Claro, a terceira aventura traz muitas novidades. A primeira delas é o primo estressado dos irmão Pevensie, Eustáquio Scrubbs (Will Pouter). Toda a história de "A Viagem do Peregrino da Alvorada" é contada pelo seu ponto de vista, que não é dos melhores, diga-se de passagem. Junto à Lúcia e Edmundo, ele acaba indo à Nárnia para ajudar Caspian a encontrar os sete fidalgos desaparecidos, ao mesmo tempo, livrar o país de um mal muito pior.
E Eustáquio é, de longe, um dos melhores personagens desse filme. Estreando no universo narniano, Pouter, ator mirim que interpreta o rabugento e mimado garoto, dá um show de interpretação e coloca atores já conhecidos na franquia, como Keynes, o Edmundo, no chinelo. O que é extremamente importante, já que num possível próximo filme ("A Cadeira de Prata"), sem os irmãos Pevensie, é Eustáquio, ao lado da jovem Jill, quem deve segurar as pontas. Henley, a Lúcia, por sua vez continua a mesma gracinha de sempre.
De resto, esse terceiro filme segue à risca os anteriores. Efeitos especiais de cair o queixo e uma trilha sonora incrível (para mim, uma das melhores entre os filmes de fantasia). Aslam está mais lindo (e real) do que nunca, assim como Ripchip, o simpático roedor espadachim. Mas se algo mudou, esse algo é o roteiro. Para quem leu os livros de Lewis, sabe que ele é sempre direto. Por isso, os roteiristas acrescentaram elementos no filme, como uma batalha final mais "nervosa". Isso ajuda a enriquecer a trama, uma vez que o livro não tem uma história tão complexa.
Outra coisa que deve ser citada é o enfoque mais humano (e até religioso), que esse filme desenvolve. Logo no início, vemos uma Lúcia já crescida, até mesmo interessada em garotos e em ficar mais bonita. Isso foi abordado, de maneira sutil, por Lewis em "A Última Batalha", sétima das crônicas, mas com Susana. O diretor Michaal Apted também resolveu (quase), dar nome aos bois e deixa quase explícito que Aslam, o Leão, é a representação de Deus, numa das cenas finais.
De um modo geral, "As Crônicas de Nárnia: A Viagem do Peregrino da Alvorada", pode ser definido assim: uma mistura entre o primeiro e o segundo filmes da série. Ele mescla elementos mais teológicos, bastante abordados no primeiro longa, com cenas mais violentas de batalha criadas no segundo. A mistura não é ruim, mas, como dito no começo da análise, o resultado final não passa do "bom" (em tempo, ainda acho estranho crianças batalhando e empunhando espadas melhor do que adultos).
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