Monday, May 2, 2011

“Thor” é o Deus da Chatice em seu primeiro longa


Nunca fui fã do Thor. Assim como nunca fui fã do Homem de Ferro. E os cartazes de “Thor”, filme esperado há muitos anos pelos fãs dos quadrinhos do deus nórdico, que estreou neste fim de semana, gritam aos quatro ventos: “Dos mesmos produtores que trouxeram à você Homem de Ferro”. Mas há uma diferença drástica entre o primeiro filme do loirão prepotente e de Tony Stark. “Homem de Ferro” é um bom filme, com roteiro convincente e humor na medida certa. Já “Thor” tenta ser o que o outro foi, sem sucesso, já que tem um roteiro cheio de clichês e só é bom no visual.

A história é simples: no dia em que seria nomeado Rei de Asgard, Thor desencadeia uma guerra com os Gigantes de Gelo, arquiinimigos dos argardianos. Com isso, Odin resolve banir Thor para a Terra, sem seus poderes. Uma vez aqui, ele encontra Jane Foster, uma cientista que acaba se interessando pela história do bonitão. Para a Terra veio também Mjölnir, o martelo-arma do deus, que quer a todo custo recupera-la. Enquanto isso, em Asgard, Loki, irmão de Thor, assume o trono e quer fazer de tudo para fazer com que o loirão jamais volte para casa.

Com uma sinopse dessas, o que você espera do filme? Sim, eu vou contar, e se você não quiser ler alguns Spoilers, pule para o próximo parágrafo. [Começo do spoiler] Como um bom clichê que é, Thor vai se apaixonar bela moça, recuperar seu martelo, voltar para Asgard, se arrepender de tudo o que fez de errado, destronar o irmão (que obviamente não morre no final, para poder aparecer num segundo filme) e salvar o dia. [Fim do spoiler]. Pronto.

Que fique bem claro: a única coisa realmente boa no filme é o seu visual, que mesmo extremamente escuro, é muito bem feito. Coisa que já nem nos surpreende mais, afinal, filmes cheios de efeitos temos aos montes. A fotografia do filme também tenta inovar, com imagens que quebram a “horizontalização” do filme e abusa de “câmeras tortas”. Isso é legal no começo, mas é tão utilizado que chega a incomodar em certa altura. Resumindo, um recurso bacana, usado à exaustão, o que acaba prejudicando.

Nem mesmo as atuações são boas, embora a produção possua um elenco estelar. Natalie Portman (Jane Foster) é apenas correta no papel da cientista, embora esteja longe de estar ruim (e de estar ótima como em “Cisne Negro”). Anthony Hopkins (Odin) também tem uma atuação apagada. Chris Hemsworth (Thor) não cheira nem fede. Tom Hiddleston (Loki) tenta, mas é apenas um vilão mediano. Kat Dennings (Darcy), ajudante de Jane, é a personagem que mais surpreende, já que é responsável pelas cenas mais cômicas.

Ah, e essas cenas preenchem quase metade do filme. Podemos dividir “Thor” em duas partes: quando ele está na pele do Deus do Trovão (começo e fim do filme), e quando ele é um humano “normal” (recheio da produção). Quando ele tem seus poderes, o filme é bem de super-heroi mesmo, com batalhas com ritmo bacana e efeitos especiais. Mas quando ele é apenas mais um humano na Terra, o filme vira uma comédia romântica de qualidade discutível (entenda cenas melosas e piadinhas infames).

No meu ponto de vista, esse é um dos (muitos) erros do filme: tentar deixar a história engraçada, quando na verdade, Thor não é um herói com essa característica, ao contrário de Tony Stark, de Homem de Ferro. Esse é um beberrão, garanhão e está pouco se lixando para os outros. Thor é sisudo, prepotente até certo ponto. Posso estar errado, mas senti que eles tentarão transformar Thor em Tony Stark, o que não convence ninguém.

Entre outras características que denigrem a imagem do filme, é a montagem um tanto quanto mal-feita. Créditos que deveriam ser postos no início do longa aparecem apenas no final, além de cenas que ficam mal explicadas. Alguém ai sabe o que é “Sono de Odin”? Não sou expert em mitologia nórdica, e algumas coisas como essas são jogadas na produção sem a mínima explicação.

Por que citei “Homem de Ferro” no começo do texto? Como disse, nunca fui fã dele, mas o primeiro filme me fez simpatizar com a personagem. Com “Thor”, tive a impressão que os produtores e o diretor, Kenneth Branagh, de “Operação Valquíria” (2008) e ator que deu vida ao Professor Gilderoy Lockhart, em “Harry Potter E a Câmara Secreta”, foi a de transformar o deu do trovão em um segundo Tony Stark. Nõ deu certo.

Ou melhor, deu sim. “Thor”, no final das contas, é o típico filme que a massa quer ver no cinema: tem um cara bonitão, tem a garota lindinha, tem uma história de amor, tem “superação”, tem efeito especial, tem cenas “engraçadas” e final feliz. Porém, nada disso é bem feito, e tudo é jogado num filme monótono e chato. É um filme que muita gente vai gostar? Sim, justamente por isso que eu escrevi. É um filme bom? Não, não é. É ruim. Mas vai atrair milhões em bilheteria e ter continuação.


Saturday, March 26, 2011

“SuckerPunch” mostra o poder da imaginação em um filme empolgante

Os cientistas gostam de afirmar que o que separa os seres humanos dos outros animais é a sua capacidade de pensar e utilizar o cérebro de uma maneira mais completa. Entre essas atribuições exclusivas dos humanos, está a imaginação. Uma arma poderosa, como você bem sabe. Quem nunca se imaginou num outro mundo, fazendo coisas impossíveis? Ou então, quem nunca se imaginou vivendo naquele game que joga, no livro que lê ou no filme que assiste? Realmente, a imaginação é poderosa, e pode nos fazer, também, supera problemas mais sérios.

É exatamente esse poder absoluto e de total controle dos homens que Zack Snyder, diretor de ótimos filmes, como “Watchmen” e “300”, mostra em “Sucker Punch – Mundo Sureal”, sua nova produção, totalmente idealizado por ele (além do diretor, ele também é o produtor e o roteirista do longa). “Sucker Punch” une tudo aquilo que os adoradores do cinema “pipocão” prezam (belas mulheres, ação desenfreada, efeitos de cair o queixo), porém, é tudo isso e muito mais, como vou tentar mostrar para vocês.



A história mostra Babydoll (Emily Browning, de “Desventuras em Série”, sendo levada à um hospital para doentes mentais após a morte de sua mãe. Herdeira de uma grande fortuna, esse é o único jeito de seu padrasto ficar com todo o dinheiro. No hospital, Emily busca no fundo da sua mente uma maneira de escapar. Para isso, ela cria mundos inusitados, onde precisa completar missões.

Com essa sinopse, Zack Snyder abre um leque infinito de opções. Afinal, quantos mundos diferentes você mesmo já não imaginou? Para ajudar em sua missão, Babydoll conta com a ajuda de suas amigas Sweet Pea (Abbie Cornish), Rocket (Jena Malone), Amber (Jamie Chung) e Blondie (Vanessa Hudgens).

A história pode parecer maluca, mas funciona. E muito. O roteiro construído poder confundir os menos atentos no início, porém, no decorrer da exibição, tudo vai fazendo sentindo e se encaixando. Em certos momentos, você pode até pensar “onde tudo isso vai dar?”, e não se sinta estranho por isso. Esse é o charme do filme. O final, posso adiantar, é um tanto quanto surpreendente.

Mas não dá para negar que, logo de cara, o que nos chama a atenção do filme é o seu visual. Primoroso, já deixo claro, e uma verdadeira beleza aos olhos de simples mortais. Tudo, tudo, é cheio de detalhes e muito bem construído. Tudo parece real e pode fazer alguns queixos caírem em pontos específicos da produção. Eu destaco a cena inicial do longa, ao som de “Sweet Dreams”, uma sequência que eu gostei muito e que é de fazer qualquer um babar.



E os efeitos especiais estão em toda parte. Cada mundo criado por Babydoll é riquíssimo e muito, muito bonito. Desde mundos tecnológicos até terras medievais, passando ai por templos orientais. Tudo lindo. Dá aquela sensação de nada é efeito especial, de tão bem feito. Veja a luta entre Babydoll e os três samurais gigantes, e você vai ver do que eu estou falando.

Agora, use sua imaginação assim como Babydoll e visualize todos esses elementos num filme típico de Zack Snyder. Sim, lá estão as sequências clássicas do diretor, sempre em câmera lenta. A cena inicial, que eu citei ali em cima, por exemplo, é toda com velocidade reduzida. Mas é incrível como essa técnica funciona muito melhor em “Sucker Punch” do que em “Watchmen”, por exemplo. Claro, esse não seria um filme de Snyder sem as cenas em câmera lenta, mas acredite, nesse filme elas fazem todo o sentido e dão um novo charme.

Não posso deixar de falar na trilha sonora do filme – que eu estou ouvindo ao escrever esse texto. As músicas empolgam e dão a sensação exata do que está acontecendo. Fora a já citada “Sweet Dreams”, com uma roupagem nova, estão lá também We Will Rock You, Where Is My Mind (com participação da própria Emily Browning) e a ótima Tomorrow Never Knows.

Claro que ainda não falei das atuações. Pra variar, também estão ótimas. Destaque para Jena Malone, a Rocket. Impossível não sentir o carisma da personagem. Todas as atrizes principais mandam muito bem, mas Jena tem um “quê” à mais. Vanessa Hudgens está irreconhecível e nem parece aquela menina boba de High School Musical. Emily Browning cresceu, e sua expressão também.

Eu poderia falar muito mais sobre “Sucker Punch”, mas vou fazer diferente. Termine de ler esse texto e vá assistir esse filme. Se já assistiu, vá ouvir a trilha sonora. Se já fez isso, lembre-se das frases um tanto quanto poéticas que permeiam o filme. Unindo tudo de bacana e mais um pouco, o primeiro filme “de verdade” de Zack Snyder (todos seus anteriores eram adaptações), é uma obrigação para quem gosta de uma história louca, mas bem contada.

Saturday, March 5, 2011

"Precisamos Falar Sobre o Kevin": Uma verdadeira obra-prima literária

Ainda estou em estado de choque. Terminei de ler "Precisamos falar sobre o Kevin", e vim direto para o computador. Não dava para segurar tudo o que eu senti só para mim, tanto, que vim aqui compartilhar minhas opiniões sobre esse livro. Ele não é apenas um dos melhores livros que eu já li na minha vida, como também já é um dos meus favoritos e, com certeza, vou recomendá-lo à todos que me pedirem boas dicas de leitura.

A autora, Lionel Shriver, tem, nessa obra, de nos deixar tão próximos de Eva Khatchadourian, sua protagonista ficcional (mas que poderia muito vem ter vivido de verdade, em carne e osso), que é simplesmente impossível ler os dois últimos capítulos dessa obra sem sentir um nó na garganta, ou ter os olhos marejados e se emocionar com cada linha escrita. Muito bem escrita, por sinal.

Para nos contar a dramática história de Eva, e seu filho mais do que problemático Kevin, Lionel usa com excelência as palavras. Além de ser um dos melhores livros que eu já li, esse também é um dos mais bem escritos com os quais eu já tive o prazer de me deparar. A leitura flui com facilidade, e embora possa ser cansativa em alguns momentos, você vai sentir a vontade de devorar esse livro de uma vez.

Como dito, Kevin é problemático. Mais do que isso, ele é um assassino. Em um acidente em sua escola, ele matou a sangue frio alunos e uma professora. Porém, as revelações sobre esse caso, que são feitas por Eva, por meio de cartas escritas ao marido, Franklin, mostram que o crime foi muito mais monstruoso e dramático do que parece.

Muito mais do que falar sobre o assassinato, Lionel nos mostra, através de Eva, como um filho pode transformar - para pior, a vida de uma mãe. Não estou nem me dirigindo aos assassinatos, e sim, à gravidez em si: algo que Eva nunca quis, mas que se submeteu para agradar ao marido. As consequências são uma vida destruída, cheias de desconfianças sobre um garoto que se mostrou "anormal" desde o início.

Com certeza, tem muita coisa sobre o livro que eu ainda gostaria de escrever. Mas, agora, não consigo pensar em muita coisa, a não ser que esse é, com certeza, um ótimo livro, que deve ser lido por qualquer pessoa, principalmente, por aqueles que prezam por uma verdadeira obra-prima literária.

Sunday, February 20, 2011

“127 Horas”: James Franco e Danny Boyle levam solidão e esperança às telas

“Você é demente!”. É com essa frase que a dupla de amigas Kristi (Kate Mara) e Megan (Amber Tamblyn), definem Aron Ralston (James Franco), um excêntrico engenheiro que gosta mesmo é de se aventurar pelo deserto e pelas fendas dos canyons de Utah, nos Estados Unidos. Como o próprio avisa, aquele é seu segundo lar. Mas tanta familiaridade com a areia e todo o ambiente hostil do deserto não evitou que o aventureiro topasse – literalmente – com uma pedra no seu caminho.

“127 Horas”, do diretor Danny Boyle (Quem Quer Ser Um Milionário?, 2008), é uma história real de superação e agonia de Aron, que fica preso numa fenda por causa de uma pedra que esmaga seu braço, no meio do deserto, com algumas barras de cereal, menos de 500 ml de água, uma corda e alguns outros poucos equipamentos. Aron torna-se vítima de seu próprio egoísmo, já que ninguém sabia onde o aventureiro estava. A nova produção de Boyle foi reconhecida peça academia, e concorre à seis Oscar (melhor filme, melhor ator, melhor roteiro adaptado, melhor trilha sonora, melhor canção original, melhor edição).

Não há como falar de “127 Horas” sem citar “Quem Quer Ser Um Milionário?”, filme que ganhou oito Oscar em 2009. Alguns detalhes e efeitos usados por Boyle na história de Jamal, podem ser revistos no longa com James Franco, mesmo que de maneira mais sutil e menos freqüentes. Além disso, o diretor resolveu de maneira muito singular uma questão primordial da produção: a sensação de solidão.

Logo no início, somos bombardeados com uma tela dividida em três, com imagens de uma arquibancada lotada, passageiros saindo do trem e a vida agitada de Aron, tudo para mostrar a correria e a agilidade da cidade grande. Mas em seguida, essas imagens dão lugar à cenas de uma auto-estrada longa e vazia e vales e montanhas no deserto. Tudo para mostrar que Aron está prestes à presenciar a solidão mais profunda.

O filme também tem outra vitória no quesito “sensações”. Além da solidão, a produção passa as vontades e agonias do aventureiro para o próprio espectador. Numa das cenas, por exemplo, em que Aron está com sede, imagens de refrigerantes estupidamente gelados, cervejas, sucos transbordando, piscinas azuis e tudo que remete à água e à sede surgem na tela. Aron lambe os lábios secos, e muita gente n cinema faz o mesmo.

A ótima trilha sonora acompanha esse ritmo. Enquanto as imagens iniciais rolam na tela grande, “Never Hear Surf Music Again”, do Free Blood, invade os ouvidos dos espectadores. Porém, é nos momentos mais dramáticos que a triilha criada por A. R. Rahman mostra sua força, como quando Aron vê-se preso e sem saída. Inclusive, a ótima “If I Rise”, da Dido, executada ao final do longa, concorre ao Oscar.

Além da ótima trilha sonora, impecável mesmo é a fotografia de Enrique Chediak e Anthony Dod Mantle. E aqui vai uma injustiça do Oscar 2011: “127 Horas” tinha que estar concorrendo nessa categoria, pois tem um visual deslumbrante! As sequencias de Aron no meio do deserto, com sua bicicleta, são ótimas, assim como as que mostram seus devaneios verbais diante a filmadora que ele carrega consigo.

E se tudo isso é muito bom (trilha, fotografia, sensações, roteiro), quem poderia ter sido escolhido para viver Aron de modo impecável? Queira você ou não, mas James Franco faz isso de maneira colossal. De longe, a sua melhor atuação de todos os tempos. Ele faz rir quando tem de fazer, transmite emoção e angustia quando necessário, faz caras e bocas e mostra trejeitos de uma pessoa que nunca perde as esperanças. Concorre ao Oscar como melhor ator, e pode levar, merecidamente.

Enfim, “127 Horas” pode não ser um dos favoritos em algumas estatuetas do Oscar 2011, mas é um filme de qualidade. Danny Boyle fez um ótimo trabalho ao adaptar o livro escrito pelo próprio Aron Ralston às telas. É um filme denso, com passagens fortes e uma lição de vida para, ao menos, não esquecer. Muito mais do que isso, é um filme sobre a esperança. Mesmo que, para mantê-la, sejam necessários grandes sacrifícios.



Monday, February 7, 2011

O belo, dramático e psicótico ballet do “Cisne Negro”

Muito antes de “Cisne Negro”, o novo filme de Darren Aronofsky (de “O Lutador”, de 2008), que estreou nesta sexta-feira, dia 04, ser indicado à cinco estatuetas no Oscar 2011 (melhor filme, melhor diretor, melhor atriz, melhor fotografia e melhor edição), ele já era uma das estréias que eu mais esperava para esse ano, que promete ser ótimo para os cinéfilos de plantão. A junção de um ótimo diretor com um elenco de primeira não tinha como resultar em um filme meia boca. E eu não me enganei: em todos os seus 103 minutos de duração, “Cisne Negro” não decepciona, apresentando atuações incríveis, um roteiro impecável e uma fotografia e trilha estupendas.



A trama, basicamente um drama, tem ramificações que a levam ao terror e ao suspense psicológico, com braços que chegam um tanto aos musicais. Nina (a indescritível Natalie Portman), é a escolhida por Thomas (Vincent Cassel), dono de uma companhia de ballet, para substituir Beth (Wynona Rider), uma experiente dançarina, na nova montagem de “A Lagoa dos Cisnes”. Na peça, Nina precisa interpretar tanto o Cisne Branco, cheio de graça e inocência, quanto o Cisne Negro, irmão gêmeo cheio de inveja e sensualidade.

Nina é perfeita para o papel de Cisne Branco. Ela própria é uma jovem meiga e esforçada, e transcende essas características em sua dança. Mas Thomas duvida de seu potencial quanto ao Cisne Negro, um personagem forte, sexy, cheio de inveja. Eis que surge Lily (Mila Kunis), uma nova dançarina que parece ser o oposto perfeito de Nina e quer, também, ser a protagonista da peça. A partir daí, Nina passa a buscar “ser perfeita”, tanto para um papel, quanto para o outro. Porém, a pressão da estréia e do papel começam a fazer com que Nina se sinta atormentada e perseguida. Assim, dentro da cabeça da dançarina, as coisas parecem não ser exatamente como são.

É com esse enredo que Natalie Portman mostra uma atuação impecável. E com essa mesma atuação é que a atriz venceu o Globo de Ouro e é uma das preferidas para o Oscar deste ano. Não é para menos: ao mesmo tempo em que se mostra uma garota sensível em boa parte do filme, ela também mostra um tom dramático bastante forte quando lhe é necessário. As boas atuações continuam com Vincent Cassel e Mila Kunis, além da sempre incrível Wynona Ryder. Porém, não há como negar que esse é “o” filme de Natalie Portman: ela nunca esteve tão bem.





“Cisne Negro” abusa dos contrapontos. Mostra a batalha eterna do meigo, do suave, na pele de Nina e nas penas do Cisne Branco, contra a insolência, a sensualidade com Lily e o extravagante Cisne Negro. Evidencia a beleza e a sutileza dos detalhes, dos mínimos detalhes, ao mesmo tempo em que mostra a força e o choque de momentos tensos. E o longa é uma sucessão de momentos belos, tensos, dramáticos e assustadores que mostram, novamente, que Darren usou de forma magistral esses contrapontos.

O diretor também se utiliza, em várias sequências, de câmeras de mão. E são elas as responsáveis pelas cenas mais belas de todo o filme, como por exemplo, as danças nos ensaios de Nina. Porém, a (bela) fotografia do filme não se resume à esses momentos. Não há uma só parte do longa em que a câmera esteja em lugar errado: tudo foi meticulosamente encaixado. As cenas de dança são, de longe, as mais belas – destaque para a cena inicial e a final. A trilha sonora, por sua vez, acompanha os clássicos da música clássica,e, mais uma vez utilizando-se do contraponto, o que poderia ser utilizado para acalmar, deixar a produção mais leve, é usado para criar um ambiente ainda mais tenso e nervoso.

É por essas e outras que “Cisne Negro” não surge como um azarão no Oscar 2011: não duvide da qualidade desse drama com boas pitadas de um suspense psicótico. Ele tem tudo o que um grande filme precisa para vencer a premiação. Também não duvide das chances de Natalie Portman levar o prêmio. Ela já mostrou e evidencia nessa produção que é muito mais do que um rosto bonito nos cinemas: mesmo você, que na entende nada de ballet, vai notar a transformação de Nina durante o filme. Eu garanto.




Sunday, January 30, 2011

As barbaridades da TV brasileira

Ela já tem 60 anos. É uma idosa, experiente, já passou por muita coisa. Mas continua com uma mentalidade de uma adolescente de 13 anos que ama Crepúsculo e o Fiuk. Simplesmente não dá para entender algumas coisas que a gente vê na TV brasileira. E me refiro à todos os padrões de canais, desde aqueles mais simples até aqueles de grandes conglomerados do país. Da CNT à Canção Nova, do Canal 21 até a toda poderosa Rede Globo de televisão, todas elas, TODAS, têm seus podres. E eles não estão guardados, não! Estão na grade de programação!

Quem nunca encontrou, enquanto zappeava pelos canais, um daqueles programas que prometem dinheiro fácil? Basta a pessoa ligar, acertar uma palavra que está embaralhada na tela e pronto, lá se vão cinco mil reais para a conta. Não sei se tem alguém idiota o bastante para cair nesse tipo de golpe, mas, pensando bem, deve ter sim: de onde esse povo tira dinheiro para comprar tantos horários na TV desse jeito? Fora os apresentadores... Ahh, coisa fina! Das duas, uma: ou eles pensam que a gente é surdo (porque gritam que é uma maravilha), ou que a gente é débil mental...

Outra coisa que eu não consigo entender é como que o governo permite que programas religiosos que OBVIAMENTE só estão na TV para pedir dinheiro aos pobres mortais, continuem indo ao ar, todos os dias. Esses dias, um pastor pedia que, no mínimo, os fieis depositassem na conta R$200,00, R$100,00 ou R$50,00. Isso é assalto, em rede nacional. Será possível que só eu ache isso errado? Acho que não.

Mas depois de programas golpistas de quizzes e programas religiosos (não menos golpistas), podemos falar também das pseudo-celebridades. Eles estão por toda parte. Por incrível que pareça, é na Globo o maior número deles por metro quadrado. Além do famigerado Big Brother Brasil (não vou falar sobre isso), temos algumas pessoas que eu, simplesmente, não sei por que estão na mídia. Não são atores. Não são apresentadores. Não são absolutamente nada e estão lá, na grade.

Aqui vou citar nomes: afinal, Bruno de Luca, o que você faz da vida a não ser puxar o saco do Ronaldo Fenômeno ou da Fernanda Paes Leme? Ganha dinheiro para ficar na geladeira da Globo e participar (e puxar o saco, claro), do Faustão? Enfim, se alguém puder me responder o que esse cidadão faz que preste, me informe.

Quem ai quer uma TV de qualidade põe a mão aqui. E por favor, não vamos ter que esperar mais 60 anos, certo?

Terror, suspense e romance se misturam em "Deixe-me Entrar"

O que você faria por uma grande amizade? Ou, por um grande amor? Estaria disposto a abandonar tudo, a aceitar todo tipo de coisa, a viver uma vida incomum e às escondidas só por causa desse amor? Pode parecer estranho, mas é justamente sobre esses tipos de questionamentos que o longa de terror e suspense “Deixe-me Entrar”, trata. Sob todo o fundo obscuro, macabro e, em certos momentos, assustadores que percorre o filme, no fundo, a história tem tons de romance.

Mas não se deixe enganar: mesmo com essa premissa de apresentar um filme de terror por uma perspectiva mais “romântica”, “Deixe-me Entrar” é um dos melhores filmes do gênero Terror/Suspense lançados nos últimos anos. Créditos para o diretor Matt Reeves (de "Cloverfield - Monstro"), que fez um ótimo trabalho nessa refilmagem do longa "Deixe Ela Entrar", de 2008, do diretor sueco Tomas Alfredson, baseado no livro do também sueco John Ajvide Lindqvist (que assinou o roteiro do filme original), "Let The Right One In" (algo como "deixe o escolhido entrar").



A história gira em torno do casal juvenil Owen e Abby. Owen é um garoto de “12 anos, oito meses e nove dias”, como ele mesmo diz, que é o típico garoto solitário, sem amigos, perseguido pelas outras crianças no colégio. Abby, uma garota de “12 anos, mais ou menos”, muda-se para o apartamento ao lado do de Owen, e os dois iniciam uma amizade. Porém, essa amizade vai se revelar muito mais estranha (e perigosa), do que o garoto esperava.

Quando uma série de pessoas são encontradas mortas na cidade, sem uma gota de sangue no corpo, a polícia local inicia uma busca por uma possível seita satânica. Mas as buscas acabam levando a polícia até Abby, uma garota que foge dos padrões: ela nunca sente frio, mesmo com os pés descalços na neve, tem gostos alimentares diferenciados e não parece gostar (ou saber) de coisas típicas das crianças de sua idade.



É uma história que prende o espectador, com um roteiro bem construído pelo diretor Matt Reeves, uma trilha sonora que ora enche a tela de adrenalina, ora relaxa o público – palmas à Michael Giacchino, o mesmo responsáveis por trilhas de filmes como “Up – Altas Aventuras” e “Star Trek”, e uma fotografia impecável, que ficou por conta de Greig Fraser. Nessa parte técnica, os efeitos visuais são a única coisa que peca por uma certa falta de qualidade. Mas nada que prejudique o filme.

Mas, agora, preste atenção nesse nome: Chloe Moretz. sim, você a conhece e a viu a pouco tempo nos cinemas. A espirituosa Hit Girl, de “Kick Ass – Quebrando Tudo”, volta às telas e interpreta a protagonista, Abby. Não há como negar que Chloe é uma das melhores atrizes juvenis da atualidade em Hollywood: ela esbanja carisma e talento. Ao seu lado, Kodi Smit-McPhee (de “A Estrada”), vive Owen, e também se revela um bom ator.



Ao final das quase duas horas de projeção, o espectador vai ter a certeza de ter conferido um dos melhores filmes de terror dos últimos anos. Durante todo esse tempo, ele vai construir suas teorias sobre os mistérios que envolvem Abby e sua chegada repentina à cidade. Pode até ser que o filme tenha um final esperado, mas o importante são os acontecimentos que levam até esse momento. Ai, os questionamentos encontrados no primeiro parágrafo do texto podem ser melhor respondidos.